Ministro do STF de Bolsonaro provou que o chefe teme Lula

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Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista no caso da suspeição de Sérgio Moro, passou 15 dias com o processo nas mãos e acabou votando a favor do ex-juiz de Curitiba. Sem querer, Nunes Marques, o magistrado que tem dado votos alinhado com Jair Bolsonaro, revela que o presidente prefere enfrentar Moro ao ex-presidente Lula em 2022. Essa é a visão de um jurista com grande conhecimento do funcionamento da corte.

Juridicamente, Nunes Marques desconsiderou as mensagens apreendidas na Operação Spoofing, da Polícia Federal, neste que agora é um histórico julgamento sobre a parcialidade do juiz da Lava Jato. “Se o hackeamento fosse tolerado como meio para obtenção de provas, ainda que para defender-se, ninguém mais estaria seguro de sua intimidade, de seus bens, de sua liberdade”, disse. “São absolutamente inaceitáveis tais provas, pois são resultado de crimes”.

Politicamente, contudo, é preciso ler nas entrelinhas. Nunes Marques acabou vencido na Segunda Turma, com Moro sendo considerado suspeito em relação a Lula no caso do triplex do Guarujá. O caso ainda deve ser analisado pelo plenário da corte. Apesar de não haver a expectativa de alteração do resultado, o voto do mais novo colega de toga do STF deságua nos temores do governo em relação às próximas eleições presidenciais.

Houve um rápido reposicionamento do tabuleiro político causado pelo retorno de Lula ao cenário eleitoral, com reações na sociedade civil e até no mercado – tudo após o petista aparecer vestido com uma roupagem agregadora, versão 2.0 do Lulinha paz e amor. Rapidamente, Bolsonaro começou a mudar sua estratégia, meio sem chão diante da capacidade do ex-presidente de fazer política.

Nesse ínterim, o voto de Nunes Marques revelou o pensamento do Palácio do Planalto. Como Moro também é considerado inimigo político do presidente, qual dos dois ele prefere enfrentar numa eventual corrida eleitoral? Um jurista que já teve assento na corte acredita que o magistrado votou conforme o desejo de Bolsonaro. Se o presidente tivesse que escolher, não enfrentaria Lula na corrida de 2022 – e o ministro deu o tom do pensamento.

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