Volta de Lula fez presidentes do Congresso ameaçarem Bolsonaro

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Sérgio Lima/Poder360

A ameaça do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ao presidente Jair Bolsonaro é para ser levada a sério. “Estou apertando hoje um sinal amarelo”, ele afirmou em discurso no plenário. “Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos”, seguiu, acenando para o impeachment com muito mais ênfase do que seu antecessor, Rodrigo Maia, jamais fizera. Não é só que Lira falava sério. Desde a reentrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no circuito eleitoral, os ares da política mudaram completamente.

A Carta dos Economistas, em que muitos nomes do setor financeiro acenaram pela primeira vez com desembarque do governo, foi o primeiro sinal. No mundo do agronegócio o ritmo é mais vagaroso, mas também lá há desembarque. E, em inúmeros círculos influentes de conversa política no Brasil, em incontáveis conversas por Zoom e grupos de WhatsApp, existe ativa uma busca por consenso de um nome que represente uma terceira via.

O deputado Arthur Lira, quando fez seu discurso, tinha tudo isto em mente. Como tinha em mente que, naquele dia, o Brasil cruzaria a marca dos 300 mil mortos pela Covid. Como também tinha em mente que, após a declaração do ex-juiz Sergio Moro como suspeito, a Lava-Jato estava já ferida de morte. A defesa contra investigações de corrupção é o principal ponto a unir estrategicamente os interesses de Centrão e Palácio do Planalto.

O que as pesquisas indicam é que, no cenário atual, Lula e Bolsonaro disputariam a presidência numa eleição em segundo turno. O elo mais fraco, hoje, é a candidatura do atual presidente. Ele tem muito pouco a apresentar, enquanto Lula pode evocar a memória de uma boa economia em seu governo, além de contar com um partido orgânico solidamente instalado na sociedade com base eleitoral que ninguém mais tem.

Ainda há muito por acontecer. Mas o impeachment de Jair Bolsonaro interessa, hoje, a muito mais gente do que interessava há um mês.

O Globo