Avó de Henry também contribuiu para sua morte

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Foto: Reprodução

Enquanto Monique Medeiros, de 33 anos, e o namorado Jairo Souza Santos Júnior, o vereador Dr. Jairinho, de 43, viajavam para aproveitar o Carnaval em um condomínio de luxo em Mangaratiba, na Costa Verde fluminense, o menino Henry Borel, de 4, foi deixado no dia 13 de fevereiro na casa dos avós maternos, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Na ocasião, o menino mancava da perna esquerda e reclamava de dores na cabeça e no joelho. À medida que caminhava, Henry deixava um dos pezinhos levantado e o apoiava no calcanhar. Enquanto pessoas da família questionavam o motivo pelo qual a criança claudicava, a avó materna, a professora Rosângela Medeiros da Costa e Silva, de 62 anos, chegou a adverti-lo em público: “Para de bobeira, Henry! Anda direito!”. VEJA teve acesso a um áudio exclusivo que descreve a cena acima, ocorrida no dia seguinte em que Henry foi torturado por Dr. Jairinho. “Nunca vou me esquecer dele entrando em casa daquele jeito e dizendo que o joelho doía”, lembra uma pessoa do círculo familiar, que preferiu não se identificar por medo de represálias. Na semana seguinte, logo após o Carnaval, a babá Thayna de Oliveira Ferreira acompanhou o garoto em uma nova visita à casa de Rosângela. Ali, a cuidadora relatou à avó o real motivo pelo qual o menino estava machucado, conforme afirmou em seu novo depoimento prestado à polícia nesta segunda-feira, 12.

A avó, relatou Thayna, ficou assustada, mas levantou a possibilidade de o menino estar mentindo, o que foi prontamente refutado pela babá, reafirmando que Henry mancava, tinha dor na cabeça e apresentava um roxo no corpo após a sessão de espancamento. A funcionária contou ainda que não insistiu muito no assunto com receio de que Monique achasse que estava fazendo “fofoca” para a mãe dela.

As novas declarações da babá de Henry à Polícia Civil do Rio de Janeiro mostram que não foi apenas ela quem mentiu no seu primeiro depoimento. A avó materna também tinha conhecimento das agressões sofridas pelo neto e omitiu isso para os investigadores da 16ª DP (Barra da Tijuca). Ao se apresentar à polícia, em 24 de março, a mãe de Monique afirmou que o neto parecia feliz com o novo apartamento, para o qual ele e a mãe foram morar com Dr. Jairinho em janeiro passado. A professora ainda declarou que Henry “nunca chegou à sua casa machucado, que nunca o viu roxo ou com marcas pelo corpo”. A versão diverge completamente do áudio obtido por VEJA. A reportagem também apurou que a criança fazia escândalos aos berros para não voltar para o apartamento onde estava morando com a mãe e o vereador – presos desde o dia 8 de abril e suspeitos de homicídio duplamente qualificado e tortura. “Ninguém na casa ligava para as coisas que o Henry estava reclamando. Ele dizia para os avós que o tio Jairinho tinha o machucado. A Monique, por sua vez, rebatia que o filho estava falando muita mentira. Até depois que ele morreu, ela insistia com essa história”, conta outra pessoa ligada à família.

Professora da prefeitura do Rio há mais de 30 anos, Rosângela, assim como a filha Monique, é descrita como uma mulher extremamente vaidosa e autocentrada. Vários parentes não conseguem compreender como ela, mesmo após a divulgação do laudo que apontou 23 lesões no corpo de Henry, insiste em sustentar a versão de Dr. Jairinho e Monique de acidente doméstico. Uma das coisas que mais chamou a atenção no depoimento da avó à polícia foi quando ela foi perguntada se conversou com a filha e o vereador sobre o crime: Rosângela disse que sim, mas “que para se poupar, não quis saber maiores detalhes e não se lembra se algum detalhe lhe foi contado”.

O pai de Henry, Leniel Borel de Almeida, de 37 anos, confirma que Rosângela tinha plena consciência de que o neto estava sendo machucado por Dr. Jairinho. Ele conta que na quarta-feira anterior à morte do filho, ao lado da avó e da babá, o menino o ligou e reclamou novamente de agressões do namorado da mãe. “Tio Jairinho está me machucando”, disse a criança em voz alta. Leniel conta que chamou a atenção da avó para esse fato e que ela, novamente, ignorou. Que também conversou com Monique e, de novo, a ex-mulher rebateu dizendo que era invenção da criança e reflexo da separação dos dois.

A omissão da avó diante de um crime bárbaro contra o seu único neto não revolta apenas Leniel e alguns parentes próximos. Pessoas ligadas à família contam que a postura de Rosângela fez com que traficantes da Vila Kennedy, bairro carente da Zona Oeste do Rio, a ameaçassem caso volte a trabalhar no Ciep 244 Tarso de Castro, que fica dentro daquela comunidade.

Até agora, a avó de Henry não foi convocada para um novo depoimento. VEJA procurou Rosângela no fim da tarde desta terça-feira, 13, na sua casa em Bangu, mas a professora se recusou a falar. Chegou a abrir uma portinhola da fachada da casa e fechou em seguida, sem nada dizer. Os fatos mostram, no entanto, que ela sabe bem mais do que já declarou.

Veja

 

 

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