Documentário mostra explosão de covid em navio

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Foto: Kim Kyung-Hoon/ Reuters/VEJA

No dia 20 de janeiro de 2020, o portentoso navio Diamond Princess zarpou do porto japonês de Yokohama para um cruzeiro pelos mares do Sudeste Asiático. O passeio, com 3 711 pessoas a bordo, tinha tudo para ser uma festa. Como de praxe, os passageiros fartavam-se com drinques e refeições, divertiam-se em bailes cafonas e gastavam adrenalina em sessões coletivas de ginástica e dança. Um enorme contingente de tripulantes – havia exatos 1 045 funcionários no navio – trabalhava freneticamente para que a animação corresse solta. Todos se encantaram quando o Diamond Princess fez uma parada na deslumbrante baía de Hong Kong. Muitos desembarcaram para conhecer de perto a ex-colônia britânica que hoje pertence à China, outros se juntaram à viagem a partir daquele ponto. Enquanto sorviam as mil curtições possíveis, os passageiros nem davam atenção às notícias sobre uma nova e misteriosa doença que, àquela altura, assolava apenas a província chinesa de Wuhan. Mas eles logo descobririam – da pior maneira possível – o que era o tal coronavírus.

O documentário O Último Cruzeiro, que acaba de estrear na HBO Go, capta o exato momento da perda de inocência global. Os passageiros do Diamond Princess passaram da normalidade ao pesadelo da Covid-19 sem tempo nem para entender o que estava acontecendo, e sua sina resume o que estava ocorrendo no mundo. Ou melhor: o que viria a ocorrer logo adiante. O navio foi cenário do primeiro surto da Covid-19 fora da China. Em poucos dias, o vírus contaminou 712 pessoas dentro daquela bolha turística. Catorze morreram. A doença veio de um passageiro de Hong Kong, que dias antes tinha visitado a província chinesa de Guangdong.

O modo como O Último Cruzeiro foi produzido é espantoso. A cineasta Hannah Olson estava em sua casa em Nova York, semanas antes de a própria cidade americana ser atingida com fúria pelo coronavírus, e teve um estalo ao ver pela TV o drama daquelas pessoas obrigadas a permanecer confinadas num navio infestado por um agente biológico mortífero. Decidida a contar seu drama, ela percebeu que muitos dos passageiros não só continuavam postando textos e vídeos nas redes sociais enquanto estavam trancafiados no navio, como fizeram de seus perfis uma válvula de escape para as aflições diárias. A diretora contatou várias dessas pessoas, e passou a dirigi-las à distância. Com isso, obteve imagens íntimas dos personagens no olho do furacão.

Muitos deles ainda nem sabiam o tamanho da provação que os aguardava. Ao se confirmar o primeiro caso, a atmosfera alegre e aconchegante do Diamond Princess deu lugar ao pânico e à confusão. As pessoas foram mantidas trancadas em suas cabines, e eram monitoradas por agentes sanitários japoneses vestindo roupas de proteção contra o vírus. Casais tinham de se separar quando um dos dois ficava positivo, e era imediatamente removido para o hospital. Uma complexa operação de resgate para levar para casa os cerca de 400 turistas americanos presentes foi montada – e terminou num voo caótico em que as pessoas sem o vírus tinham de conviver com doentes separados apenas por uma divisória plástica. A pior situação, no entanto, era a dos tripulantes. Dormindo apertados em cabines coletivas, eles se tornaram presas fáceis do coronavírus. Boa parte era de origem indonésia, e só foi autorizada a deixar o navio quando o drama já adentrava o mês de março e o governo do país finalmente foi resgatá-los.

A tragédia do Diamond Princess trouxe ao menos uma lição valiosa: ela abriu os olhos das autoridades de saúde para o que não se deve fazer na luta contra a Covid-19. A alta contaminação dentro do microcosmo do navio mostrou que o coronavírus se espalha pelo ar em aglomerações, e é multiplicada pela presença de pessoas assintomáticas que propagam o vírus de forma silenciosa. Assim, provou que o uso de máscaras, até então não recomendado pelos médicos americanos, era uma arma fundamental para controlar a propagação da doença. Em certo momento do documentário, uma senhora que manteve seu alto astral mesmo após pegar Covid, comenta: “Me perguntam se um dia voltarei a fazer cruzeiros. Claro que sim. Em maio já farei o próximo.” Ela sobreviveu, mas é claro que não fez nenhum outro cruzeiro em maio do conturbado 2020, ou qualquer outro mês desde então. Com ajuda da vacina, o mundo torce para que esse desejo possa se realizar em breve.

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