Ministério da Saúde esperou pessoas morrerem em ambulâncias para agir

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Foto: Michael DANTAS / AFPF

Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) obtido com exclusividade pelo GLOBO, uma servidora do Ministério da Saúde que fez parte da comitiva enviada pela pasta a Manaus às vésperas do colapso no sistema de saúde do Amazonas diz que a transferência de pacientes para outros estados foi adiada até que houvesse “óbitos em ambulância”, falta de leitos e “colapso de oxigênio”.

Uma reunião realizada entre integrantes do governo do Amazonas e do Ministério da Saúde discutiu a possibilidade de transferir pacientes com Covid-19 para outros estados no dia 12 de janeiro, dois dias antes de o sistema de saúde local entrar em colapso pela falta de leitos e de oxigênio hospitalar. Mesmo assim, a decisão de iniciar as transferências só foi tomada depois do dia 14, quando o sistema não suportava mais a demanda. Na ata da reunião, a indicação foi: “Essa decisão só será tomada em situação extremamente crítica”.

O MPF investigava a possível omissão do governo federal e estadual no episódio. No depoimento, os procuradores questionaram Paula Eliazar sobre o motivo de o Ministério da Saúde e o governo do Amazonas terem esperado o colapso do dia 14 para só então iniciar as transferências e o que significava a expressão “situação extremamente crítica”, contida na ata da reunião.

Em sua resposta, Paula, disse que essa situação seria aquela em que houvesse pacientes morrendo em ambulâncias, falta de leitos e colapso de oxigênio.

— E a última estratégia que a gente tomaria… Era tirar os pacientes de dentro do estado para outros estados. A situação extremamente crítica é (ter) os hospitais todos superlotados onde a gente não tivesse nenhum leito para acolher essas pessoas, pacientes dentro de ambulâncias, indo a óbito e colapso de oxigênio — disse a servidora.

Paula Eliazar prestou depoimento ao MPF na condição de testemunha. Ela foi uma das primeiras integrantes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FNS) a chegar a Manaus, no início de janeiro, para avaliar a situação no local. Ela era subordinada ao então secretário de Atenção Especializada em Saúde, o coronel Luiz Antônio Franco Duarte, levado para a pasta pelo ex-ministro Eduardo Pazuello.

As transferências de pacientes com Covid do Amazonas para outros estados aconteceram para abrir vagas na rede hospitalar do estado, que estava com fila de espera por leitos havia pelo menos dois dias.

Em seu depoimento, Eliazar diz que as tratativas para a transferência dos pacientes eram acompanhadas de perto por Franco Duarte. Ele e Pazuello fazem parte do grupo de seis pessoas processadas na quarta-feira pelo MPF por improbidade administrativa na condução da crise de saúde no Amazonas. Para os procuradores, Pazuello e seus subordinados foram omissos no episódio. Se condenados, eles podem ter de pagar multas e terem seus direitos políticos suspensos.

Paula Eliazar também diz que, ao perceber que a quantidade de leitos seria insuficiente, o governo começou a cogitar a necessidade de mandar os pacientes para os outros estados. De acordo com ela, Franco Duarte coordenava as transferências.

A funcionária afirmou ainda que em visita ao Hospital 28 de Agosto, em Manaus, no dia 8 de janeiro, antes do colapso de oxigênio, notou que havia vazamento na tubulação de oxigênio e informou sobre o problema.

— Observei que havia vazamento nas réguas, onde tem o gás canalizado. Reportei a necessidade tanto de melhorar questão de protocolos por parte dos profissionais de saúde, pelo volume de oxigênio que estava sendo usado para cada paciente, que estava, muitas vezes, incorreto. E a questão do vazamento. Pedi que pedissem aos engenheiros para conferir as réguas de oxigênio e o circuito elétrico.

A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas respondeu que a operação de transferência se iniciou apenas em 15 de janeiro “devido à sua complexidade”. Argumentou ainda a necessidade de confirmação dos leitos e triagem dos pacientes antes de efetivar a medida, bem como montagem de aeronave com os insumos necessários e equipe. “Ressalta-se que para a primeira viagem houve negativa dos pacientes que estavam aptos aceitarem ir para outros estados. Isso dificultou as equipes envolvidas na operação a fecharem o primeiro voo, e apenas nove, de 15 pacientes que assinaram o Termo de Consentimento, embarcaram”, diz trecho da nota.

O Ministério da Saúde não respondeu aos pedidos de posicionamento. O GLOBO também procurou Paula Eliazar, mas ela informou que estava viajando e não retornou o contato. O ex-ministro Pazuello e o ex-secretário Franco Duarte não responderam.

O Globo 

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