Atitudes deixam Fachin isolado no STF
Foto: Pedro Ladeira
O julgamento sobre a validade do acordo de colaboração de Sérgio Cabral consolidou o desgaste de Edson Fachin, não só entre colegas de STF (Supremo Tribunal Federal), mas com setores da Polícia Federal e advogados.
A leitura é que o ministro não passa confiança e pode mudar de lado a qualquer momento. Na corte, a crítica é por ser individualista, sem manter conversas com outros ministros em questões sensíveis. Na PF, a postura de Fachin aumentou o atrito interno com a cúpula da corporação.
Fachin homologou o acordo mesmo após oposição da PGR (Procuradoria-Geral da República) e autorizou a PF acessar dados utilizados em um procedimento preliminar que deu origem ao pedido de investigação contra Dias Toffoli.
No julgamento, entretanto, votou de maneira que permitiu a anulação. A mudança serviu para a atual gestão da PF creditar aos investigadores do caso terem confiado no ministro, que depois os deixou na mão e com ônus pela delação mal sucedida para toda a corporação.
Após o inquérito de Toffoli vir à tona, quem saiu em defesa dos investigadores argumentou que a apuração preliminar, que quase rendeu uma acusação por abuso de autoridade contra o delegado do caso, e todos os desdobramentos do acordo de Cabral teriam sido informados ao gabinete de Fachin.
Internamente, o individualismo mostrado em decisões, como no caso Cabral e na anulação dos processos de Lula, vêm causando desconforto entre os colegas.