Bolsonaro agora ataca a França

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Foto: AFP / EVARISTO SA

Após o ministro do Comércio Exterior da França, Franck Riester, garantir que o país não assinará o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) por causa da postura do Brasil frente aos problemas ambientais, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, na noite desta quinta-feira (20), que a postura dos franceses é motivada por “interesses econômicos”.

Segundo ele, o país europeu vê o Brasil como concorrente. “Esse ministro garantiu aos senadores do seu país que a França não assinará o acordo entre o Mercosul e União Europeia. É preciso que todos os países concordem para que o acordo seja efetivado”, explicou o presidente.

Bolsonaro, que é visto com preocupação por países que têm regulação firme em temas ambientais, disse que se ele tivesse dito que não assinaria o acordo, seria duramente criticado. “Agora imagine se eu falo isso, que não vamos assinar o acordo com a União Europeia. É interesse econômico. A França compete conosco em muita coisa. Não vai chegar perto da gente, mas concorre em muita coisa, em commodities”, disse o mandatário brasileiro.

O ministro Franck Riester comentou sobre o Mercosul nesta quinta-feira (20) em uma audiência no Senado francês. Ele disse que é “inimaginável assinar o acordo” e que a postura do presidente Jair Bolsonaro é um dos principais fatores para que o acordo não tenha aprovação da França. “O governo do Brasil faz o oposto do que é preciso em temas ambientais”, disse.

Ele detalhou que o acordo só será assinado pelos franceses se o Brasil se comprometer a cumprir as metas do acordo de Paris. Riester também disse que o governo brasileiro tenta aprovar uma lei que deverá acelerar o ritmo de desmatamento e afirmou que “a floresta amazônica não pertence apenas aos brasileiros, mas à toda a humanidade”.

Ainda na live, Bolsonaro citou o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo de uma investigação da Polícia Federal sobre exportação ilegal de madeira. A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e os sigilos bancário e fiscal de Salles foram quebrados.

O presidente da República nada falou sobre o trabalho da PF, mas disse que Salles é “um excepcional ministro” que enfrenta dificuldades por causa do aparelhamento de setores públicos.

“O ministro Ricardo Salles, por exemplo. Um excepcional ministro, mas as dificuldades que ele tem junto a setores aparelhados do Ministério Público, os ‘xiitas’ ambientais, são enormes”, disse Bolsonaro.

O presidente acrescentou que a responsabilidade de fazer com que a agricultura brasileira cresça não é só da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, mas também de Salles. “Não é apenas a ministra Tereza Cristina a responsável por ajudar o campo a produzir mais; é do Ricardo Salles também. É do governo federal também. Nós temos hoje em dia 14% do território demarcado como terra indígena e mais uma centena de portarias para aumentar as terras”, pontuou.

Correio Braziliense