Centrão fez Bolsonaro e sua turma engolirem as palavras

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Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Câmara

Mais do que conquistar novos espaços no governo desde a eleição à presidência da Câmara, em fevereiro, há uma vitória simbólica comemorada pela dupla Ciro Nogueira e Arthur Lira neste mês de maio, que termina hoje: o reconhecimento feito pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, no último dia 19, de que mudou de opinião sobre o Centrão. Na campanha eleitoral de 2018, Heleno atacava o bloco: “Se gritar Centrão, não fica um meu irmão”, disse, na época, substituindo as palavras “pega ladrão” pelo nome dado ao bloco.

Desta forma, Lira e Nogueira consideram estar consolidando o Centrão como força política sem ter qualquer vergonha da expressão, como em outros momentos da história recente. Em 2019, durante a presidência do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), a Câmara chegou a proibir o uso da palavra Centrão na rádio, na TV e na Secretaria de Comunicação Social por considerá-la pejorativa.

Quer dizer então que o bloco está conseguindo tudo o que deseja no governo Bolsonaro? Negativo. Maior prova disso é que, ao contrário do que foi especulado durante o primeiro semestre, o ministro da Economia, Paulo Guedes, não teve a sua pasta desmembrada. Muito menos Milton Ribeiro e Ricardo Salles deixaram os ministérios da Educação e do Meio Ambiente. Mesmo assim, não é trivial o Centrão ter passado a administrar dois orçamentos bilionários, com parlamentares, nos últimos meses: João Roma, do Republicanos, cuida do Bolsa Família no Ministério da Cidadania; e Flávia Arruda, do PL, toca a liberação das emendas na Secretaria de Governo.

Uma nova agenda do Centrão deve aparecer esta semana. O risco de racionamento de energia, cogitado por Bolsonaro na semana passada, começou a fazer deputados do bloco criticarem o desempenho do ministro de Minas e Energia, general Bento Albuquerque. Arthur Lira já havia levado reclamações sobre o militar a Bolsonaro e também a ministros no início do ano. Até agora, contudo, não arrancou mais uma demissão no Planalto.

O Globo