Governo espera pós-Pazuello para poder “relaxar”

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Foto: Andre Coelho/Valor

Ainda temendo o potencial explosivo do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, na quarta-feira, governistas que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid avaliam que, a partir da próxima semana, terão condições de emplacar uma “mudança na narrativa” e tirar o foco das acusações ao presidente Jair Bolsonaro. Primeiro, com uma pauta mais propositiva e, depois, com os depoimentos de representantes de governos estaduais e prefeituras.

Para a semana que vem, serão realizadas audiências com a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e o Instituto Butantan, responsáveis pela produção das vacinas em uso no país. Os bolsonaristas querem usar a oportunidade para “apontar protocolos, mudanças na legislação sanitária, instrumentos que podem ser previstos em lei”, segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). “Vamos ter outro olhar por parte da opinião pública”, acredita.

Os integrantes da base do governo esperam assim constranger a oposição a falar de soluções para a pandemia e, claro, esfriar o clima da comissão, que tem colocado o governo em situações complicadas.

Desde o início dos trabalhos da CPI, os bolsonaristas têm insistido que é preciso investigar como Estados e municípios gastaram os recursos encaminhado pelo governo federal desde o início da crise sanitária.

Contudo, ouvidos pelo Valor, avaliaram que talvez seja melhor, a princípio, convocar dirigentes municipais e evitar os governadores. Explica-se: apesar da apresentação de requerimentos para levar à CPI os governadores João Doria (São Paulo), Wilson Lima (Amazonas), Rui Costa (Bahia) e Hélder Barbalho (Pará), há a percepção de que a iniciativa acirre os ânimos e gere revides, como a convocação de Carlos Bolsonaro, filho do presidente – há também requerimento nesse sentido, mas a possibilidade divide o G7, grupo majoritário da CPI.

Um caso citado é o do governador do Pará. Há inquérito em curso sobre supostos desvios na compra de respiradores para atendimento dos pacientes com covid-19. O pai do governador, o senador Jader Barbalho (MDB-PA), é suplente da CPI da Covid e aliado do relator, Renan Calheiros (MDB-AL). Bezerra é colega de MDB que todos os citados.

Valor Econômico