Índia suplanta EUA e Brasil em mortes

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Foto: Sumit Sanyal/Anadolu Agency/Getty Images

A Índia registrou nesta quarta-feira, 19, o maior número de mortes por coronavírus em 24 horas no país, superando a marca alcançada pelos Estados Unidos em janeiro. Com mais de 4.500 mortes em um dia, o número é um ponto sombrio da escala do surto que está devastando o país de 1,3 bilhão de pessoas.

De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, o país confirmou 4.529 mortes, totalizando 283.248 óbitos decorrentes da Covid-19. O recorde anterior de mortes em um dia, 4.400, ocorreu nos Estados Unidos em 20 de janeiro, de acordo com dados do The Washington Post.

Embora as estatísticas oficiais sobre as mortes de Covid-19 na Índia sejam devastadoras, é provável que não mostrem por completo a dimensão da calamidade. Dados de crematórios, obituários e atestados de óbito indicam um maior número de mortes nessa onda de infecções do que se refletem nos dados das autoridades locais e nacionais, sobretudo em áreas rurais, com menos acesso ao sistema de saúde.

Epidemiologistas acreditam que, embora a taxa de crescimento de novos casos pareça estar diminuindo, o número real também pode ser muito maior, possivelmente de duas a oito vezes o registrado pelo governo.

Nesta semana, o país relatou menos de 300.000 novas infecções por dia. Embora o número seja grande, é inferior aos mais de 414.000 casos diários registrados no início deste mês.

O número de mortes no país reflete não apenas a disseminação desenfreada do vírus, mas também a pressão sobre um sistema de saúde frágil. Pacientes com coronavírus morreram em casa porque os hospitais estavam lotados, bem como dentro dos hospitais porque os ventiladores não estavam disponíveis. Os hospitais frequentemente ficam sem oxigênio, com consequências fatais.

Na capital, Nova Délhi, o número de novos casos caiu drasticamente após mais de um mês de medidas de bloqueio. A desaceleração da taxa de crescimento ajudou a aliviar a imensa pressão sobre os hospitais da cidade, que recusavam pacientes e lutavam contra a falta de oxigênio no início deste mês.

No entanto, a situação continua alarmante, principalmente nas áreas rurais, onde serviços de saúde são escassos. No interior da Índia, muitas pessoas estão morrendo com sintomas de coronavírus ​​sem serem testadas.

O aumento no número de mortes gerou uma onda de revolta contra o governo do primeiro-ministro Narendra Modi, que realizou comícios eleitorais e permitiu que uma grande reunião religiosa ocorresse mesmo com o aumento dos casos. Modi falou pela última vez à nação sobre a crise do coronavírus em 20 de abril. Nos últimos dias, ele falou sobre a necessidade de ajudar áreas rurais e remotas a combater a pandemia.

O programa de vacinação na Índia está oscilante. O número de doses administradas no país caiu nas últimas seis semanas em meio à escassez de suprimentos e uma mudança abrupta na política de compras.

Anunciado como a “maior campanha de vacinação do mundo”, o projeto do governo segue sendo a única esperança de aliviar os dados do país. Até o momento, foram administradas um total de 186 milhões de doses. A média de vacinação diária, no entanto, não indica que o governo irá atingir o objetivo principal declarado por autoridades em janeiro, quando se pretendia vacinar 300 milhões de pessoas antes de julho.

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