Oposição se desentende sobre sigilo de Wajngarten

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Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A tomada de medidas mais delicadas para o presidente Jair Bolsonaro dividiu na última segunda-feira o chamado G7, grupo de sete senadores que reúne independentes e de oposição na CPI da Covid. Parte deles resiste em aprovar neste momento o pedido de quebra do sigilo telefônico de Fabio Wajngarten, e de suas contas de email e aplicativos de conversa.

A maior parte deles também prefere evitar colocar em pauta a convocação de Carlos Bolsonaro. Segundo o depoimento do ex-presidente da Pfizer, Carlos Murillo, Carlos Bolsonaro participou de reuniões para a discussão da compra de vacinas no Palácio do Planalto.

O requerimento para devassar as contas de Wajngarten foi encabeçado por Alessandro Vieira (Cidadania-SE). E a convocação do filho do presidente da República, por Omar Aziz. Mas foi o próprio Omar Aziz (PSD-AM) quem mais resistiu à aprovação dos pedidos.

Ao final de uma tumultuada reunião, na noite de segunda-feira, ele acabou convencendo os outros integrantes da CPI a adiar a votação dos requerimentos.

Todos os membros da comissão concordam que o ex-secretário de comunicação do governo mentiu em seu depoimento no último dia 12. Mas Aziz, Eduardo Braga (MDB-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) acham que a quebra, agora, pode fazer com que outros futuros depoentes da CPI apaguem emails e destruam material incriminador. Além disso, preferem não criar mais atrito com o bolsonarismo nesse momento.

Um dos alvos que estão por vir que mais interessam ao G7 é o empresário Carlos Wizard, que já disse em entrevistas registradas em vídeo ter sido convidado para ser secretário do Ministério da Saúde, mas afirmou que preferiu agir de “forma independente” em relação ao governo. O empresário, que para alguns é uma espécie de líder do grupo de assessoria paralela ao presidente Jair Bolsonaro, deve depor na CPI no dia 3 de junho.

Só depois da fala dele e da médica Nise Yamaguchi, que defende o uso da cloroquina no tratamento da Covid19 e também foi convocada, é que será feita a análise do pedido de quebra de sigilo de Wajngarten.

Embora todos concordem que o ex-secretário de Comunicação mentiu à CPI, os senadores ainda acham que o depoimento foi um dos principais até agora. Para eles, o fato de Wajngarten ter entregue uma carta da Pfizer oferecendo vacinas ao governo dá materialidade à denúncia de que Bolsonaro retardou a compra da vacina. Essa é uma das acusações que pode levar o presidente a ser apontado como responsável por mortes na pandemia.

O Globo