Polícia do Pará prende suspeitos de planejar ovada no governador

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Foto: Reprodução

A Polícia Civil de Tucuruí, no Pará, prendeu na manhã desta quinta (20) três homens que estariam tramando arremessar ovos durante um evento público na cidade que terá a participação do governador paraense, Helder Barbalho (MDB), e de prefeitos de outros municípios do estado.

O pedido de prisão preventiva de Simião Nogueira de Moraes, Josicleison do Nascimento Silva e Herlen Ulisses Batista Garcia alega que a polícia da cidade identificou “associação criminosa que tem praticado diversos crimes contra a honra do governador do Pará e de outras autoridades públicas que participarão do evento”.

O documento ainda alega “provável ocorrência de confrontos entre os representados e os populares que ali estarão presentes”. A solicitação foi acatada pela Vara Criminal da Comarca de Tucuruí, que ainda determinou o indiciamento dos três pelos crimes de constrangimento ilegal e associação criminosa.

O evento público, marcado para as 14h, marcará a entrega da reforma da cadeia pública de Tucuruí e terá a presença de Barbalho, que ainda seguirá na cidade cumprindo agenda até as 16h30.

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Tucuruí vê perseguição política e cerceamento de liberdade de expressão nas prisões. A entidade já se mobiliza para impetrar um pedido de habeas corpus em favor dos três homens detidos.

Ao menos um dos detidos é filiado a partido político: Josicleison do Nascimento Silva foi candidato a vereador pela legenda no ano passado, mas não foi eleito.

“O delegado de Polícia Civil representante sustenta em suas razões que o pedido formulado não trata de tolhimento ao direito de liberdade de expressão ou de livre associação, mas de resguardo à ordem pública”, afirma a decisão judicial que acatou os pedidos de prisão —o processo segue em segredo de Justiça.

Em seu despacho, o juiz afirma que “não se trata de um mero plano de lançar ovos na direção de um governador de estado ou de mera expressão de opinião política; trata-se de evitar convulsões entre pessoas reunidas em ato público e com grande risco de desordens e tumultos que possam gerar lesões corporais e, inclusive, mortes”.

“o mundo pós-contemporâneo, este império da pós-verdade, tornou-se o mundo dos ódios. Cada manifestação, cada palavra proferida em redes sociais deve ser pensada e pesada, pois é gigantesco o potencial de gerar convulsões públicas e danos reais à sociedade”, segue ele.

“As polarizações criadas no domínio internacional também são refletidas em menor escala, descendo ao âmbito de um pequeno Município no interior do Estado do Pará. O cuidado mútuo (care) é um valor crescente no espectro político internacional e se manifesta em um dever cogente, ou seja, é imposto a todas as pessoas.”

A Polícia Civil afirma que os três presos já foram encaminhados para o sistema penal.

Folha