Bolsonaro diz que não aceitará derrota se não tiver voto impresso

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Evaristo Sá/AFP/11-05-2021

O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e defender a implantação do voto impresso nas eleições de 2022. Em transmissão feita nas suas redes sociais nesta quinta-feira, Bolsonaro afirmou que caso não exista o chamado “voto auditável” nas urnas do ano que vem, um lado poderia não aceitar os resultados da eleição e “criar uma convulsão no Brasil”.

Apesar das declarações do presidente, nunca houve comprovação de fraudes no uso das urnas eletrônicas. O presidente já afirmou diversas vezes ter provas, mas nunca as apresentou.

O presidente vem defendendo há meses um projeto liderado pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) que impõe a necessidade de impressão do voto. A medida, entretanto, encontra resistência do ministro Barroso, que afirma que sua implantação é impraticável.

— Vai ter sim, Barroso. Vamos respeitar o Parlamento. Caso contrário, teremos dúvidas nas eleições e podemos ter um problema seríssimo no Brasil. Pode um lado ou outro não aceitar, criar uma convulsão no Brasil. Ou a preocupação dele é outra? É voltar aquele cidadão, o presidiário, para comandar o Brasil? — afirmou.

O presidente aproveitou para criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem se colocando como pré-candidato à Presidência no ano que vem e se reunido com diversos nomes da oposição. Bolsonaro afirmou, inclusive, que Lula já estaria negociando cargos.

Entre as alegações feitas pelo presidente, sem qualquer evidência apresentada, estão que ele teria vencido a eleição no primeiro turno, que Aécio Neves teria sido eleito em 2014 e que tubos de cola seriam utilizados para impedir que determinados números da urna não funcionassem.

— Se acerta o placar de votação no TSE. Isso pode acontecer, sim. Neguinho invade tudo, invade até a Nasa. Invade os computadores dos ministérios aqui à vontade, na última eleição teve atraso por invasão. O que queremos na verdade? É a certeza do voto — disse o presidente.

Apesar do discurso sobre a eleição, o presidente afirmou que ainda decidirá se será candidato à reeleição. Bolsonaro, entretanto, costuma em diversos momentos fazer referência a 2022. Nesta quarta-feira, em reunião com deputados federais do PSL, indicou que deverá confirmar nas próximas semanas sua filiação ao Patriota. Os parlamentares esperarão a abertura da janela partidária para trocar de partido.

Além do ataque ao ministro Luís Roberto Barroso, o presidente Jair Bolsonaro também desferiu acusações contra o ex-governador do Rio Wilson Witzel, que prestou depoimento nesta semana na CPI da Covid. Segundo o presidente, Witzel deu um “showzinho” aos senadores.

— Ele deu o show dele foi lá para me criticar, (falando) que eu boicotei governadores. O dinheiro foi pra eles, se fosse boicotar não mandava dinheiro — disse o presidente.

Bolsonaro destacou que o ex-governador deixou a sessão antes de responder a perguntas de senadores da oposição, usando o habeas corpus que foi concedido em seu favor pelo STF.

Além disso, na live transmitida nas redes sociais, o presidente voltou a questionar o uso de máscaras e reafirmou que pediu um estudo ao ministro Marcelo Queiroga para desobrigar o uso de mácara por aqueles que tenham sido vacinados ou infectados.

O presidente voltou a repetir que será o último a se vacinar e, novamente, afirmou que já estaria imunizado porque já se infectou.

— Eu estou vacinado, entre aspas. Muita gente que contraiu o vírus está vacinada, até de forma mais eficaz que a própria vacina. Quem contraiu o vírus, não se discute, está imunizado — afirmou.

Apesar do que disse o presidente, já foram relatados diversos casos de reinfecção. Com a proliferação de diferentes variantes, é possível que a mesma pessoa seja infectada duas ou mais vezes. O próprio presidente Bolsonaro, semanas atrás, revelou que tomou um medicamento sem comprovação científica após ter sintomas da doença e antes de realizer um novo exame para Covid-19.

O Globo