Boulos peregrina pelo interior de SP para seduzir conservadores

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Foto: Guilherme Santos/Sul21

“Você é um comunista?” Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Psol, Guilherme Boulos (Psol) tem a resposta pronta à primeira pergunta feita na rádio do interior paulista. Sem demora, Boulos cita dom Helder Câmara para falar que o arcebispo também era chamado de comunista. “Ele dizia: ‘Quando dou pão aos pobres, me chamam de santo. Quando questiono por que eles estão na pobreza, me chamam de comunista’”, afirma. “No Brasil, nesses tempos com [Jair] Bolsonaro, se recuperou uma série de fantasmas de que quem é contra a desigualdade social, é comunista”, diz. “Daqui a pouco, quem acredita na curvatura da Terra vai virar comunista.”

Boulos colocou ontem sua pré-campanha na rua e escolheu o interior do Estado para começar uma série de reuniões presenciais com comerciantes, empresários e associações, e entrevistas à imprensa local. A preocupação, diz, é desmistificar e acabar com preconceitos sobre sua imagem como coordenador nacional do MTST sobretudo no interior, onde a esquerda costuma ter dificuldade nas urnas. No lançamento da “Virada Paulista”, mote da pré-campanha, Boulos teve encontros também com professores e movimentos sociais em Campinas. A agenda continuará hoje em Sumaré e na próxima semana, no Vale do Paraíba.

Em meio a sondagens do PT e do PDT, Boulos afirma que a pré-candidatura é “para valer”. E a manterá com ou sem o apoio do PT.

Os petistas apoiam o lançamento do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que desde abril tem feito encontros – virtuais – com a militância, movimentos populares, religiosos e professores do interior, além de dar entrevistas a rádios. Haddad já participou de eventos e entrevistas em Sorocaba, Cordeirópolis, São José dos Campos, Catanduva, Itapetininga, Assis, Valinhos, Americana, Campinas e São Carlos, entre outras.

A possibilidade de Boulos desistir do Estado e lançar-se ao Senado na chapa petista é descartada pelo pré-candidato do Psol. “Faltou combinar com os russos”, disse Boulos ao Valor, na semana passada.

PT e Psol, no entanto, preocupam-se com a divisão dos votos da esquerda se Haddad e Boulos se lançarem, e defendem a possibilidade de um acordo. A esquerda nunca venceu a eleição para o governo paulista e na eleição municipal de 2020, teve fraco desempenho no Estado. O PT elegeu quatro prefeituras (Araraquara, Matão, Diadema e Mauá) e o Psol, uma (Marabá Paulista).

“Tenho trabalhado para a gente construir a unidade da esquerda [para] derrotar a máquina tucana, que é muito forte”, disse Boulos, à CBN de Campinas. “Se tiver uma candidatura única no campo progressista, ela é absolutamente favorita no cenário de cansaço”, disse, lembrando que o PSDB está em sua sétima gestão consecutiva, desde 1995.

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirma que Haddad é um “quadro interessante, que empolga a militância” e “seria um excelente candidato”, mas diz que é preciso “sentar e conversar” com aliados. “Temos que fazer o esforço de construir a unidade.” Segundo Gleisi, o PT deve definir no segundo semestre as candidaturas nos Estados, a partir da aliança em torno da pré-candidatura presidencial.

Valor Econômico