Empresário acha que “terceira via” não tem pressa

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Foto: Zanone Fraissat

Um dos maiores entusiastas da candidatura de Luciano Huck para a Presidência, o empresário Eduardo Mufarej afirma agora, após a formalização da desistência do apresentador na corrida, que há outros nomes capazes de combater a polarização entre Bolsonaro e Lula em 2022. “Desde que sejam deixados de lado vaidades, projetos pessoais ou interesses locais”, diz ele.

O empresário avalia que não há pressa para a construção de um nome para a terceira via, mas reconhece a dificuldade de articulação.

Na semana passada, Huck desembarcou da possibilidade de se candidatar e preferiu assumir a posição de Fausto Silva nas tardes de domingo da Globo, mas vai manter o engajamento no conselho do RenovaBR, movimento para a formação de candidatos políticos fundado por Mufarej.

Nos cálculos do empresário para 2022, o destino do presidente Bolsonaro pode ter analogia com o do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. “Errou na condução e pagou na campanha”, afirma ele.

Como a formalização da desistência de Luciano Huck para a corrida eleitoral de 2022 mexe no cenário da terceira via? Luciano era, sem dúvida, o melhor nome, todas as pesquisas apontavam para isso. Mas, entre os outros quadros existem excelentes nomes, o que poderá ser uma força importante desde que trabalhem juntos e unidos. Se os moderados, ou centro expandido, trabalharem ao redor de uma única candidatura, ela terá muita força.

Parte do mundo político diz que hoje parece inviável fortalecer um nome alternativo para colocar no meio da polarização entre Lula e Bolsonaro. O sr. ainda acredita que é possível definir um nome viável? Acredito que sim, desde que sejam deixados de lado vaidades, projetos pessoais ou interesses locais. Está na hora de o Brasil ser colocado em primeiro plano, por isso a unificação em torno de um nome é tão importante.

Quem seria esse nome? E por que é tão difícil chegar ao consenso? Não acho que há pressa para esse nome. Temos até o fim do ano para realizar essa construção. O desafio não é do tempo, mas sim de articulação. Os nomes que estão colocados e, outros que ainda estão surgindo, são, em grande parte, muito bons e podem representar uma alternativa forte para o eleitor brasileiro em um momento em que ele busca opções. Politica se faz com obstinação, não com obsessão.

Vocês já estão há alguns anos nesse movimento para tentar formar novas lideranças e renovar a política. Mas o cenário desenhado hoje para 2022 é a polarização de dois nomes muito antigos. Por que é tão lenta a mudança? Estão querendo marcar essa eleição antecipadamente, como uma disputa entre polos opostos. Isso é muito conveniente para quem está nos extremos e se alimenta da polarização para elevar a sua probabilidade de vitória.

Cabe lembrar, no entanto, que a essência do eleitor brasileiro é moderada e esse grupo amplamente majoritário está órfão. Aí a grande oportunidade. A mudança das práticas na politica brasileira levará tempo e não será em um ciclo eleitoral.

Os padrões mudam gradualmente, mas esse processo de transformação já pode ser percebido a partir dos pontos de luz que surgiram na politica brasileira nos últimos anos. Só consigo me entusiasmar com essa perspectiva para 2022.

Como fica o papel de Luciano Huck no RenovaBR agora? Muda algo? Luciano ingressou no conselho do RenovaBR como cidadão engajado com a causa da renovação política, e assim seguirá. Ele tomou a decisão de aceitar o maior desafio profissional da sua carreira na televisão e teve apoio de todas as pessoas que estavam ao seu redor.

Como ele já mesmo disse, irá seguir envolvido no debate público, o que é muito bom. Acho que a presença dele, assim como de membros da sociedade civil, artística, científica e empresarial elevam o sarrafo da discussão política no Brasil.

A perspectiva de retomada econômica com o avanço da vacinação pode tornar o nome de Bolsonaro mais competitivo antes da eleição? O exemplo do Trump é ilustrativo. Errou na condução e pagou na campanha. E 2022 está aí.

E como o sr. espera que virá essa retomada? O país ainda tem desafios, como a crise energética. Que cenário devemos encontrar na véspera da eleição? Temos coisas positivas ocorrendo no mundo, a retomada da economia pós-Covid deve ser muito forte. Internamente, temos alguns elementos que não ajudam: inflação, desemprego, desajuste no Orçamento e crise energética. Se estivéssemos com a lição de casa feita, com reformas estruturantes, pegaríamos muito mais deste vento a favor.

Hoje, tentam-se construir vitórias de narrativa que na verdade são passos significativos para trás, a Medida Provisória da Eletrobras, aprovada nessa semana, é um exemplo.

Para passar uma mensagem de que houve alguma privatização após a intervenção na Petrobras, aprovou-se uma privatização parcial e, de brinde, um planejamento energético que lembra a União Soviética: adição de 8.000 MW de capacidade térmica obrigatória, quando o mundo todo está buscando caminhos no sentido de reduzir emissões de carbono.

Folha