Esquerdista segue na frente na eleição peruana

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Foto: Cesar Bazan e Martin Mejia/AFP

O candidato Pedro Castillo (Peru Livre) mantém vantagem sobre Keiko Fujimori (Força Popular) nas eleições presidenciais do Peru. Por volta das 15h45 (horário de Brasília, 13h45 em Lima), Castillo tinha margem de 69.792 votos a seu favor (8.619.097 contra 8.549.305). Ontem, a diferença entre os dois chegou a ser de 90 mil votos.

Ao todo, 97,81% das urnas foram apuradas até o momento, segundo último boletim do ONPE (Escritório Nacional de Processos Eleitorais, na sigla em espanhol). Castillo tem 50,20% dos votos válidos, enquanto Fujimori tem 49,80%.

O novo presidente tomará posse em 28 de julho e comandará um país em crise, que teve quatro chefes de Estado desde 2018 e que registra a maior taxa de mortalidade do mundo pela pandemia, com mais de 185 mil mortes em uma população de 33 milhões de habitantes. Em 2020, o Peru registrou queda de mais de 11% no PIB (Produto Interno Bruto).

Ontem, Keiko Fujimori, filha do ex-ditador peruano Alberto Fujimori, denunciou supostas “irregularidades” e “indícios de fraude” na eleição. Ela chegou a liderar o pleito no domingo (6), mas foi superada por Castillo com a contagem dos votos nas áreas rurais do país.

“Há uma clara intenção de boicotar a vontade popular”, denunciou a candidata, mostrando alguns vídeos e fotos para apoiar suas denúncias — entre elas, a de um registro de votação de um posto rural onde Castillo obteve 187 votos e ela, nenhum.

Partido de Castillo, o Peru Livre solicitou em comunicado que o ONPE “cuide da correta proteção dos dados eleitorais ao processá-los e publicá-los”.

A missão de observação eleitoral da OEA (Organização dos Estados Americanos), que não mencionou irregularidades nas urnas, indicou ontem que “a contagem dos votos foi realizada de acordo com os procedimentos oficiais”.

“Embora os cidadãos tenham dado o seu voto, o processo eleitoral continua” e a “conduta [dos candidatos] neste momento é crucial e decisiva para manter o clima de tranquilidade”, afirmou o chefe da missão, o ex-chanceler paraguaio Rubén Ramírez, em vídeo publicado no Twitter em que demonstra apoio ao trabalho das autoridades eleitorais peruanas.

Keiko Fujimori pode ser a primeira presidente mulher do Peru, meta para a qual trabalha há 15 anos, desde que assumiu a missão de reconstruir praticamente das cinzas o movimento político de direita fundado por seu pai em 1990. Uma eventual derrota no segundo turno representaria o terceiro revés nas urnas e ela ainda teria que ir a julgamento com o risco de terminar na prisão.

A candidata é investigada pelo Ministério Público pelo caso de pagamentos ilegais da empresa brasileira Odebrecht, um escândalo que afetou quatro ex-presidentes peruanos. Keiko Fujimori ficou 16 meses em prisão preventiva por este caso.

Em caso de vitória, ela estabelecerá o precedente de ser a primeira mulher nas Américas a chegar ao poder seguindo os passos de seu pai.

Do outro lado está Pedro Castillo, que saiu do anonimato há quatro anos ao liderar uma greve de professores. Se eleito, seria o primeiro presidente sem vínculos com as elites política, econômica e cultural — ou o “primeiro presidente pobre do Peru”, segundo definiu o analista Hugo Otero à AFP.

Uol