Igreja evangélica proibiu músico de tocar por causa do cabelo

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O músico Pedro Henrique Santos da Silva, de 22 anos, registrou ocorrência na polícia, depois de ter sido impedido de se apresentar numa Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Goiânia. Ele diz que o veto partiu do ancião da igreja e que o motivo teria sido discriminação por causa do seu cabelo black power.

Pedro faz parte de um quarteto musical, que foi convidado para se apresentar na igreja Adventista do Residencial Solar Ville, na noite de sábado (5/6). Ele chegou ao local primeiro do que os parceiros de grupo e se prontificou em ir se apresentando até que todos chegassem, mas logo veio a proibição.

“Ele (ancião) falou com a pessoa que estava organizando, que estava perto de mim. Ele falou que eu não poderia cantar. Eu me dispus a tocar as duas primeiras músicas, enquanto o pessoal do quarteto ia chegando”, conta Pedro.

O rapaz também é adventista e frequenta a igreja localizada em outro bairro de Goiânia (Urias Magalhães), desde criança. Ele toca violão, canta e diz que nunca sofreu algo do tipo ou se sentiu discriminado na igreja que frequenta.

Em nota divulgada, a Igreja Adventista do Sétimo Dia lamentou o ocorrido, disse que não compactua com atos de discriminação e que está apurando as circunstâncias do fato.

Ao se sentir discriminado, Pedro conta que se retirou da igreja e ficou do lado de fora aguardando os parceiros. Um pastor tentou intermediar e resolver o caso. “O sentimento foi de raiva. Depois, eu fui embora para acalmar a cabeça”, diz o músico.

O grupo, acostumado a fazer apresentações nas igrejas de Goiânia e região, acabou não se apresentando. O caso foi registrado nessa segunda-feira (7/6), no 8º Distrito Policial de Goiânia.

“Meu cabelo faz parte de mim, é uma coisa natural minha, então não tem como mudar”, indigna-se Pedro. A decisão por registrar a ocorrência, em muito, segundo ele, foi para que outras pessoas não passem pelo mesmo e para que situações do tipo deixem de acontecer.

Goiás teve registrado outro caso denunciado como racismo no último final de semana em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia. A funcionária de um bar da cidade denuncia que foi insultada por uma cliente que, insatisfeita com o valor da conta, a teria chamado de: “Preta feia”. A polícia está investigando o caso.

Já no Entorno do Distrito Federal, em Cidade Ocidental, a abordagem policial ao youtuber Filipe Ferreira repercutiu Brasil afora. O jovem gravava vídeos de manobras de bicicleta em uma praça para o seu canal, no último dia 28/5), quando uma dupla de policiais fez a abordagem. Eles apontaram armas para Filipe e ele chegou a ser algemado. Ele denunciou que foi vítima de racismo e de violência policial.

Já na capital do estado, em 18/4, o morador de um prédio de luxo do Jardim Goiás, região nobre de Goiânia, foi filmado xingando a porteira do residencial usando termos como “macaca”, “chimpanzé” e “chipanga”. Ele se revoltou com a funcionária do prédio pelo fato de ela não ter aberto o portão da garagem sem que ele se identificasse.

Vinícius Pereira da Silva foi indiciado pela Polícia Civil por injúria racial. A Polícia Civil também fez buscas na residência e apreendeu armas de fogo em situação irregular.

Metrópoles