A cara-de-pau da Capitã Cloroquina

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Foto: Reprodução

Ela não gosta do apelido e é compreensível. A pediatra Mayra Pinheiro, de 54 anos, tem um currículo sólido. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Ceará, fez mestrado na USP e está com doutorado em andamento em Bioética na Universidade do Porto, em Portugal. Colocou sua reputação a perder quando virou garota-propaganda de um tratamento precoce ineficaz e perigoso para pacientes de Covid-19. Ficou tristemente famosa no Brasil.

Agora, sua imagem degringolou de vez. Um vídeo inacreditável mostra como a médica treinou para enganar a CPI. Não enganou ninguém. Mayra é cruel e muito cara de pau. Nessa conversa com um epidemiologista, obtida em sua caixa de e-mail com a quebra de sigilo, ela ri ironicamente, faz gozação e relata seu plano primário: “Que perguntas eu posso dar para esses senadores (governistas) fazerem a mim? Entendeu? Eles jogam para eu fazer o gol. Eles chutam para eu fazer o gol”. Gol contra.

Mayra tem uma função pomposa no governo do capitão Bolsonaro: secretária da Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde. Mas não será por muito tempo. Pisou na bola. O vídeo desmoralizou a servidora que ajudou a fazer de cobaia um Amazonas asfixiado. “Cobaia” é o termo cunhado pelo presidente da CPI, Omar Aziz, chamado de “anta amazônica” por Bolsonaro, o vil. O vídeo é tão contundente que Mayra enviou petição ao Supremo Tribunal Federal contra o vazamento. “Isso é um crime”. Crime, Mayra, é o seu. Evito chamá-la de doutora por desonrar a prática séria da Medicina. A saúde não é um jogo.

“São cinco senadores que vão jogar com a gente. Eu preciso dar perguntas a eles para eles interrogarem, cuja resposta seja a oportunidade de eu falar. Certo? A gente tem cinco senadores, cada um tem 15 minutos para me perguntar o que eles quiserem. Então a gente tem 15 minutos vezes 5.” Ela pede ao epidemiologista Regis Bruni Andriolo uma lista de perguntas em sua defesa. Mayra chega ao cúmulo de pedir “respostas” para ela dar na CPI. E ainda insinua que pode arrumar um cargo para o epidemiologista. A coisa toda é de um ridículo atroz. Mesmo que o STF impeça o vazamento de novos documentos, o estrago está feito. Mayra faz apelos por “uma bala de prata”, “um desenhozinho” para ela se safar. Mas não há estudos que a salvem em sua cruzada pelo uso de cloroquina e ivermectina, rejeitadas pela Organização Mundial da Saúde.

No meu blog no GLOBO, em 12 de janeiro, divulguei uma carta assinada por Mayra, coagindo os médicos em Manaus a adotar “as medicações orientadas pelo Ministério da Saúde”. Falava em nome do então ministro Pazuello, aquele general passivo da ativa, que bancou excursão de 11 médicos a Manaus em campanha oficial pró-cloroquina. Num Amazonas sem oxigênio, com cenas de horror, famílias implorando por cilindros, levando seus parentes em vão a hospitais, a carta de Mayra era fria. “Em cumprimento ao Plano Estratégico”, seria “inadmissível…a não adoção” da cloroquina e ivermectina. Mayra sempre afirmou que quem não receitasse o kit Covid poderia ser acusado de “crime contra a humanidade”.

No vídeo de agora, a Capitã Cloroquina se mostra incomodada porque “a imprensa usou isso (o apelido) 44 vezes em uma semana”. Espero que em breve nem precisemos mais falar de Mayra. Mais uma a cair. A CPI presta ao Brasil uma ajuda inestimável. A verdade salva. Uma hora a gente vai entender melhor essa ob$e$$ão oficial com a cloroquina. Precisamos nos vacinar contra Mayras, Pazuellos e todos os que conspiram contra a vida. Vai passar.

O Globo 

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