Bolsonarismo ataca CPI em vez de defender Bolsonaro
Foto: Reprodução
As denúncias de cobrança de propina nas negociações para a aquisição de vacinas pelo governo federal demoraram a produzir reações nos grupos bolsonaristas no WhatsApp e no Telegram.
Desde a publicação das primeiras reportagens, na noite da terça-feira (29), até que começasse a circular o vídeo com Jair Bolsonaro dizendo que “não vai ser uma CPI de 7 bandidos” que irá tirá-lo do governo, na tarde de quarta (30) algumas tentativas foram feitas, sem grande adesão nos grupos.
O primeiro impulso dos seguidores do presidente foi ignorar as denúncias, concentrando as postagens em ataques aos líderes partidários que se reuniram para selar uma aliança contra o voto impresso.
Além de memes recomendando não votar mais em políticos que se coloquem contra o “voto auditável”, foram compartilhados vários vídeos sobre o assunto no final da noite, enquanto as denúncias repercutiam no noticiário e nas redes sociais.
A chamada de um deles dizia: “Barroso e Moraes + 11 partidos derrubaram o voto impresso?” A notícia de que o ministro Luis Roberto Barroso foi hostilizado em um restaurante do Rio de Janeiro, publicada originalmente no GLOBO pela jornalista Bela Megale, foi amplamente copiada em sites bolsonaristas e distribuídas nos grupos.
Os primeiros posts mencionando diretamente a CPI começaram a aparecer no início da manhã de quarta (30), com ataques à CPI (chamada de circo) e a senadores específicos, como Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O primeiro foi alvo de memes e postagens pelas discussões que protagonizou com o deputado estadual do Amazonas Fausto Junior, que prestou depoimento na CPI na manhã anterior e acusou Aziz, ex-governador do estado, de gastar R$ 50 milhões em verbas indenizatorias.
Outro conteúdo muito reproduzido foi um vídeo intitulado “Hipocrisia: Randolfe pediu aquisição da COVAXIM (sic) e assinou emenda para contrato com o fabricante indiano”, em que o senador da Rede do Amapá aparece dizendo que havia assinado uma emenda para acelerar a importação de vacinas, incluindo a Covaxin
Só mais para o final da manhã da quarta-feira começou a ganhar corpo a versão de que o diretor de logística acusado de pedir propina de US$ 1 por dose de vacina, Roberto Dias, foi nomeado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e, portanto, não teria nada a ver com Bolsonaro e Pazuello.
Segundo Mandetta, quem indicou Dias foi o ex-deputado Abelardo Lupion (DEM_PR), aliado e ex-secretário da mulher do líder do governo, Ricardo Barros. Nas redes, porém, Dias é apresentado como “protegido de Mandetta”.
Uma mensagem que circulou ao longo de todo o dia dizia que Jair Bolsonaro, “esperto aos extremos”, não nomeou o diretor de logística do ministério para uma diretoria na Anvisa “pois o general Pazuello já havia descoberto que Dias estava envolvido em corrupção”. “A pilantragem nas narrativas está evoluindo a níveis estratosféricos”, diz o post.
Nenhuma mensagem menciona o fato de que Dias não foi demitido por Pazuello. A demissão do diretor só ocorreu depois das denúncias. Posts com a notícia foram enviados aos grupos.
Mais para o final da tarde, quando foi assinado o pedido de impeachment suprapartidário de Jair Bolsonaro, cresceu a frequencia de memes e posts relacionando o pedido à possibilidade de o ex-presidente Lula ser novamente eleito em 2022.
De acordo com as mensagens, com a ajuda do Supremo Tribunal Federal. Algumas faziam referência à decisão do ministro Ricardo Lewandowski de anular o uso do acordo de leniência da Odebrecht como prova nos processos contra Lula.
A partir daí, postagens comparando Bolsonaro a Lula e sugerindo que o petista é pior do que o serial killer Lazaro, morto nesta segunda-feira, ganharam tração.
Uma característica, porém, foi comum no fluxo de mensagens nos grupos ao longo do dia: a imensa maioria era formada por mensagens prontas ou encaminhadas em forma de memes ou textos previamente preparados.
Praticamente não se viam, nos grupos e listas, manifestações que não se repetissem de um chat para outro. Pelo visto, os fãs do presidente não estavam muito motivados em produzir conteúdos espontâneos a favor do governo. Limitavam-se a encaminhar o que recebiam.
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