Bolsonaro agora fala que todas as eleições foram fraudadas

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Foto: Reprodução

Ao defender o voto impresso nas eleições de 2022 em uma entrevista nesta quarta-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que, sem o artifício, um dos lados da disputa questionaria o resultado e que, “obviamente”, este seria o lado dele.

“Eles vão arranjar problemas para o ano que vem. Se este método continuar aí, sem, inclusive, a contagem pública, eles vão ter problemas. Porque algum lado pode não aceitar o resultado. Este algum lado, obviamente, é o nosso lado, pode não aceitar o resultado”, disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul.

Bolsonaro fez a defesa do voto auditável, reafirmou que apresentaria provas de que houve fraudes nas eleições de 2014 e 2018 e afirmou que, na disputa entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), foi o tucano quem venceu o pleito.

“O nosso levantamento aqui, né, o nosso levantamento, feito por gente que entende do assunto, que esteve presente lá dentro, acompanhou toda a votação, ele grante que sim [Aécio foi eleito]. E o que eu vi, eu não sou técnico em informática, mas o que eu vi, está comprovado, no meu entender, a fraude em 2014. O Aécio foi eleito em 2014”, disse o presidente da República, sem apresentar nenhuma evidência —naquele disputa Dilma Rousseff (PT) foi reeleita com 52% dos votos, ante 48% do tucano Aécio.

Na conversa com debatedores simpáticos a ele, Bolsonaro disse que “a democracia se vê ameaçada por alguns de toga que perderam a noção de até onde vai [sic] os seus deveres, os seus direitos” e acusou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, de ser contra o voto impresso por interesses próprios.

“Por que Barroso não quer transparência nas eleições? Porque ele tem interesse pessoal nisso​”, afirmou, acusando-o de negociar o apoio de partidos no Congresso.

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, os partidos que são contrários à adoção do voto impresso para as eleições de 2022 devem trocar os deputados da comissão especial que analisa o tema para fazer maioria e derrubar o projeto de lei no colegiado.

Em 26 de junho, 11 partidos se uniram contra o voto impresso —PSDB, MDB, PP, DEM, Solidariedade, PL, PSL, Cidadania, Republicanos, PSD e Avante.

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Dias Toffoli se reuniram em café da manhã em 30 de junho com lideranças partidárias, que expressaram a eles seu apoio ao voto eletrônico e refutaram a adoção de medidas para viabilizar o voto impresso em 2022.

Apesar das denúncias de pedido de propina na compra de vacinas contra a Covid, Bolsonaro insistiu que não há caso de corrupção em seu governo, já que não houve o pagamento efetivo nos casos apurados pela CPI do Senado.

No final de junho, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão, deu 15 dias para que o presidente Bolsonaro apresente as provas que diz ter sobre uma suposta fraude no sistema eletrônico de votação nas eleições de 2018.

O magistrado, que integra o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), editou uma portaria para estabelecer que todas as autoridades que relatem inconformidades no processo eleitoral ficam obrigadas a apresentar elementos nesse sentido em 15 dias.

No texto, Salomão cita Bolsonaro, Cabo Daciolo, que foi candidato a presidente no último pleito pelo Patriota, e o deputado estadual Oscar Castello Branco (PSL-SP) e determina que os três sejam notificados para que comprovem suas críticas às urnas eletrônicas.

Salomão também mandou instaurar um procedimento administrativo para apurar a existência ou não de elementos concretos que possam ter comprometido as eleições de 2018 e 2020.

Folha  

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