Envolvimento militar no caso Covaxin preocupa Forças Armadas

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As novas denúncias na CPI da Covid levaram mais militares para o pelotão de fardados enrolados ou que precisam dar explicações.

O tenente-coronel Alex Marinho é acusado de ter pressionado servidor da Saúde para assegurar a compra da vacina Covaxin.

Já o coronel da reserva Marcelo Blanco teria participado do jantar do suposto pedido de propina. Para militares de alta patente ouvidos pelo Painel, os episódios desgastam a imagem do Exército, que deveria se posicionar.

Para o general da reserva Francisco Mamede de Brito Filho, é o preço que as Forças Armadas pagam ao se misturar com o governo. “Essas pessoas que cederam a essa tentação de participar de um governo em troca de poder, ao aceitar o convite já demonstram certa fraqueza, certa despreocupação sobre o que representam em relação à instituição.”

Para Brito, os danos da intersecção entre governo e Forças Armadas já aparecem em pesquisas de opinião. Pesquisa XP/Ipespe de junho mostrou que antes da posse de Bolsonaro, em dezembro de 2018, 70% diziam confiar nas Forças Armadas. Agora, o percentual baixou para 58%.

Brito diz que, em sua visão, o comando do Exército deveria quebrar o silêncio para se dissociar de crises como essas mais recentes. Carlos Alberto dos Santos Cruz, general da reserva e ex-ministro de Bolsonaro, concorda.

“É bom em algum momento lembrar que o Exército não tem nada a ver com essas responsabilidades pessoais”, afirma.

“Quando você vai com várias pessoas de mesma origem, no caso militar, para um ambiente desorganizado desses, onde reuniões são feitas com atravessadores, o cara não tem representação de empresa, tudo é de boca, você vai pagar o preço do desgaste [à imagem da instituição]”, completa Santos Cruz.

Ambos ressaltam, por outro lado, que os casos ainda precisam ser apurados e que ainda não há elementos que comprovem que os militares tenham se envolvido em ilegalidades.

Folha de SP