Governo pressionou Saúde a não demitir servidor que pediu propina

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Foto: Anderson Riedel/PR

As suspeitas sobre a atuação do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias já eram conhecidas do governo desde o ano passado. O ex-ministro Eduardo Pazuello chegou a decidir demitir Dias após suspeitas de irregularidades na aquisição de testes da Covid-19, mas ele foi mantido após pressão política. Nesta quarta-feira, a exoneração de Dias foi publicada após denúncias de que ele teria pressionado pela aprovação célere da Covaxin. O ex-diretor também foi acusado por um empresário de ter pedido propina para facilitar contratos de vacina com o ministério, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”.

O GLOBO apurou que a exoneração, que já havia sido comunicada à Casa Civil, foi revertida a pedido do então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) diretamente ao Palácio do Planalto. A informação foi antecipada pela CBN.

Segundo relatos ao GLOBO, o então secretário-executivo da Saúde, Élcio Franco, chegou a conversar com o ministro da Casa Civil à época, Walter Braga Netto, hoje à frente do Ministério da Defesa, que teria concordado com a exoneração. Procurado o ministro, ele não se manifestou.

Interlocutores do senador Davi Alcolumbre afirmam que ele tinha apenas uma relação amistosa de trabalho com Dias, quando o parlamentar procurou o diretor para levar insumos para o enfrentamento à Covid para o Amapá. Porém, negam que Alcolumbre tenha agido para segurar Dias no cargo.

Na época, Dias foi poupado, mas dois de seus principais assessores na Diretoria de Logística (Delog) foram exonerados no dia 28 de outubro. Coordenadora-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde, Meri Helem Rosa de Abreu Hansel, era considerada o braço-direito de Dias e assim como ele também é do Paraná. Na ocasião, o servidor Franklin Martins Barbosa, servidor de carreira pasta desde 2014, perdeu a função de coordenador de Licitações e Análise de Mercado de Insumos Estratégicos para Saúde. Barbosa, porém, foi reconduzido ao posto em 13 de maio pelo atual ministro Marcelo Queiroga.

No dia 22 de outubro de 2020, O GLOBO revelou que a Diretoria de Integridade (Dinteg) do Ministério da Saúde observou suspeitas de irregularidades em um contrato da pasta para aquisição de 10 milhões de kits de reagentes usados em testes para detecção de Covid-19. Na época, a Dinteg reportou a suspeita ao Tribunal de Contas da União (TCU). Dias foi um dos signatários do contrato suspeito no valor de R$133,2 milhões.

Um relatório produzido pelo Tribunal mostrava que um pedido de reconsideração feito pela empresa que ficou em segundo lugar na disputa não foi levado adiante pelos departamentos responsáveis, entre eles o Departamento de Logística, sob coordenação de Roberto Dias.

No dia 27 daquele mês, cinco dias após o caso vir a público, o presidente Jair Bolsonaro retirou a nomeação de Dias para o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Dias havia sido indicado para substituir a diretora Alessandra Bastos também com o apoio de Alcolumbre, mas não chegou a assumir.

Dias estava no Ministério da Saúde na gestão do ex-ministro Henrique Mandetta, em janeiro de 2019. O diretor ganhou o cargo com o apoio do ex-deputado Alberto Lupion (DEM-PR), então indicado a um cargo na Casa Civil na gestão de Onyx Lorenzoni. Dias também teria o apoio do atual líder do governo Ricardo Barros (PP-PR), que nega o apadrinhamento.

A permanência de Dias no Ministério da Saúde já causava estranheza em servidores desde antes dos relatos de irregularidades. Quando Pazuello assumiu a pasta, segundo relatos, houve tentativa de retirar do Ministério todos aqueles considerados pelo gestor como próximos ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. Dias seria um deles, mas seu cargo acabou sendo mantido.

O Globo

 

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