Politização da doença por Bolsonaro remete a Karl Marx

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Foto: Reprodução

Você sabe o que é uma farsa? É um tipo de teatro cômico. Surgiu na Grécia Antiga. Atingiu seu auge em meados do século quatorze. Geralmente é uma peça curta, caracterizada por personagens caricatas, com uso exagerado de linguagem grosseira, escatológica e gestos obscenos. Quer uma dica de personagem?

Pois é. Além de seus costumeiros pronunciamentos escatológicos, grosseiros e obscenos, a oposição sempre acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter transformado em farsa a facada que de fato levou durante a campanha eleitoral de 2018.

Especialmente porque Bolsonaro fez a campanha do hospital, sem precisar participar de debates políticos ou aprofundar a discussão sobre seu programa para o país. Ele praticamente se limitou a mostrar fotos e filmes comoventes, após a facada.

Eu sempre evitei dar à questão da facada e da hospitalização um tratamento eleitoral. Não é bom transformar assuntos pessoais, especialmente questões de saúde, em tema para comentários políticos. O risco de errar a mão é grande. Tanto para um lado como para o outro.

Mas creio que os políticos também não devem utilizar suas questões pessoais e problemas médicos como forma de se vitimizar e atrair votos.

E eis que agora Bolsonaro resolve que talvez seja hora de operar uma hérnia abdominal da qual já havia sido diagnosticado meses atrás. Em abril, ele afirmou que teria que se submeter a “mais umazinha” cirurgia. Disse: “Mas é tranquilo, de hérnia. Eu tenho uma tela aqui na frente.”

Resolveu se internar exatamente quando sua popularidade estava em queda livre, com mais de 500 mil mortes pela pandemia do coronavírus, a CPI da Covid demonstrando que houve inoperância, desleixo e estratégia errada do governo, além de negociatas no Ministério da Saúde.

Tudo isso num quadro em que a economia não consegue debelar o desemprego e a inflação volta a atormentar o brasileiro.

O presidente não só resolve se tratar nesse momento como repete a estratégia da campanha eleitoral de 2018, divulgando fotografia a caminho da internação, com cicatriz exposta e equipamentos hospitalares. E um discurso culpando seu provável principal adversário em 2022, o PT, pelo problema.

Está escrito no post: “Consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil. Um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia.”

Isso é uso político.

E aí, é inevitável lembrar de outra figura odiada por Bolsonaro, o filósofo e economista alemão Karl Marx.

No seu livro “O 18 Brumário de Luís Napoleão”, o comunista Marx descreve o golpe de Estado em que Carlos Luís Napoleão Bonaparte, resolveu impor uma ditadura, em 1851, três anos depois de eleito presidente do país, imitando seu tio, o verdadeiro Napoleão Bonaparte, que se coroou como imperador da França 47 anos antes.

Ao analisar o golpe do sobrinho de Napoleão, o filósofo comunista disse no livro que a história se repete “a primeira vez como tragédia, a segunda, como farsa”.

Vale lembrar que, segundo o filósofo grego Aristóteles, a tragédia é um gênero de teatro que deve possuir personagens heroicos, reis, deuses… Digamos um mito, papel que Bolsonaro também busca, embora caricato:

Mas aí ele que se cuide. Porque, na definição de Aristóteles para o teatro grego, a tragédia deve ter um final triste com a destruição, ou loucura, de um ou vários personagens. Todos punidos por seu orgulho ao tentar se rebelar contra as forças do destino.

Uol

 

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