Bolsonaro diz que “às vezes” não é “muito feliz com as palavras”

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Foto: Reprodução/ Reuters

O presidente Jair Bolsonaro admitiu ontem “tropeçar nas palavras” e que “às vezes” não é “muito feliz nos posicionamentos”. Mas voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ao dizer que “uma ou outra pessoa” o atrapalha na mais alta Corte do país. E afirmou que, de sua caneta, “tudo pode acontecer”.

Bolsonaro discursou em evento em celebração ao centenário da Convenção Interestadual da Assembleia de Deus em Belém, no Pará. Sua fala ocorreu no exato momento em que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se reunia com o presidente do STF para tentar aparar arestas entre o Planalto e a cúpula do Judiciário.

Diante de uma plateia formada por fiéis, o presidente enalteceu ainda a indicação do “terrivelmente evangélico” André Mendonça, ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça, para o cargo de ministro do STF.

“Temos um presidente que pode por vezes tropeçar nas palavras. Pode às vezes não ser muito feliz nos seus posicionamentos. Mas os senhores têm um presidente que fala a verdade acima de tudo. Um governo que não engana o seu povo, que não procura usar palavras macias, suaves para poder atingir objetivos que não interessam à sua nação”, afirmou Bolsonaro.

Reforçando seu posicionamento contrário à ciência durante a pandemia, o presidente afirmou que seu governo “respeita a Constituição Brasileira” porque “em nenhum momento fechou o comércio, em nenhum momento decretou toque de recolher”.

“[Temos] um governo que não fechou igrejas. Um governo que respeita as leis, respeita o seu povo e reafirma que o norte do destino de nossa pátria, sempre tendo Ele [Deus] à frente, vamos no sentido onde esse povo assim o desejar”, disse. “Tenho os meus conselheiros. Procuro, ao tomar decisões, ouvir em especial os mais velhos, os mais experientes. Porque bem sei que da minha caneta tudo pode acontecer.”

Em confronto com o Supremo, Bolsonaro enalteceu “o bom retorno” à relação que mantém com o Congresso, para depois voltar a atacar ministros, sem citá-los. “Sabia que a missão ia ser difícil, sabia das dificuldades. Sabia que quase tudo que nós fazemos passa pelo parlamento brasileiro. Temos tido um bom retorno do parlamento”, disse.

“Sabíamos que de um outro Poder ao lado, o Supremo Tribunal Federal, uma ou outra pessoa iria nos atrapalhar. Mas acreditamos que esse Supremo, assim como o Parlamento, assim como o Executivo, aos poucos vai mudando.”

Bolsonaro disse ainda aos evangélicos na plateia que a indicação de Mendonça é, “mais do que um compromisso com vocês, um compromisso com a minha consciência”.

“Tenho conversado muito com o pastor André Mendonça, porque a vida dele também vai mudar. As suas responsabilidades serão majoradas. Decisões difíceis ele irá tomar”, disse o presidente. “Mas fiz um pedido a ele, uma missão, e ele se comprometeu que irá cumpri-la: toda primeira sessão da semana no STF ele pedirá a palavra e iniciarão os trabalhos após uma oração. Podem ter certeza, Deus se fará mais presente naquela instituição. Onde entra a palavra de Deus, entra a harmonia, entra a paz, entra a prosperidade.”

Valor Econômico

 

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