Consultoria analisa risco à democracia brasileira
Foto: Reprodução
O risco do resultado da eleição presidencial de 2022 não ser aceitos é muito baixo, de menos de 5%, segundo a consultoria Eurasia. Mesmo com as constantes ameaças do presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro de não reconhecer uma eventual derrota, as instituições como o Legislativo e o Judiciário devem garantir a posse do eleito nas urnas. A governabilidade enfrentará pouco impacto caso a eleição seja contestada, e deverá ser mantida se o vencedor for o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, analisa a consultoria.
A Eurasia aponta indícios de que se o presidente perder a eleição, tentará seguir o roteiro dos Estados Unidos, onde apoiadores de Donald Trump contestaram o resultado eleitoral e invadiram o Capitólio em janeiro, depois da derrota do ex-presidente americano.
No Brasil, a mais de um ano da eleição, Bolsonaro tem falado sobre a possibilidade de fraude no sistema de votação eletrônica, – sem nunca ter apresentado provas – e tem pressionado o Congresso a aprovar o voto impresso.
O voto impresso, no entanto, dificilmente será aprovado no Congresso neste ano, avalia a Eurasia.
Na análise da consultoria, o Judiciário, o Congresso e o alto comando das Forças Armadas, além da imprensa, têm indicado que não apoiarão uma tentativa de golpe do presidente. Os riscos de a governabilidade ser ameaçada em uma eventual vitória de Lula também são baixos, segundo a Eurasia. O Centrão deve apoiar quem quer que vença em 2022, de olho em cargos e vantagens. “Qualquer esforço para minar o resultado eleitoral de Bolsonaro só servirá para unir o resto da classe política em defesa de quem for eleito.”
A Eurasia aponta possíveis problemas que o país poderá enfrentar caso Bolsonaro seja derrotado e conteste as urnas. O primeiro é uma onda de violência, com motins de policiais. Embora a liderança das Forças Armadas não apoie o presidente, Bolsonaro tem um apoio significativo na base das forças policiais militares estaduais, afirma a consultoria.
O outro é a corrosão da democracia, que tende a ser desacreditada pelos bolsonaristas. “O maior custo da eleição contestada será sentido ao longo do tempo”, avalia.
A confiança nas instituições tem sido “cronicamente baixa” e isso criou condições para que o Bolsonaro fosse eleito, diz a Eurasia. Na Presidência, Bolsonaro está ampliando essa desconfiança ao liderar uma cruzada contra o voto eletrônico.
Embora seja improvável que a governabilidade seja prejudicada no curto prazo se um candidato como Lula vencer, ter cerca de 30% do eleitorado – de apoiadores de Bolsonaro-, acreditando que a eleição foi fraudada significa que a oposição será mais virulenta, sobretudo diante de crises, diz a Eurasia. “Nunca é saudável em qualquer democracia ter uma parcela significativa do público que não confia nas regras do jogo”, avalia. “A desconfiança já é alta no Brasil. Bolsonaro vai inflar ainda mais esses números.”
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No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.
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