Postura raivosa de Bolsonaro assusta o eleitor

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Foto: Reprodução

Quando parece mais suave no vídeo, não agride, não xinga, não ameaça, o discurso de Jair Bolsonaro é mais bem recebido. Quando surge raivoso, ataca e acusa, o presidente colhe desaprovação.

A diferença pode ser medida, frase por frase, em ferramenta de pesquisa desenvolvida pela consultoria Atlas. Com uma espécie de controle de volume apresentado na tela do celular ou do computador, eleitores que aceitam participar da pesquisa são estimulados a sinalizar valores positivos ou negativos conforme acompanham trechos selecionados de discursos do presidente.

No dia 2 de julho, Bolsonaro fez um pronunciamento em cadeia de rádio e TV para tratar da pandemia. Foi um discurso controlado, com falas contidas, vários tons abaixo do que ele costuma fazer quando está se dirigindo aos militantes que se concentram no Palácio do Alvorada ou nas “lives” de quinta-feira à noite.

Bolsonaro começou o pronunciamento tentando transmitir moderação. Lamentou o alto número de óbitos no país, exaltou o ritmo da vacinação e celebrou um acordo que permitiria a produção de imunizantes no Brasil.

Uma síntese desse vídeo foi apresentada a 2.559 eleitores, que, numa escala de 11 posições, do “terrível” ao “excelente”, foram avaliando, segundo a segundo, suas impressões pessoais ante o desenrolar do discurso.

Durante o tempo em que Bolsonaro parecia moderado, os respondentes mantinham avaliação positiva do pronunciamento. Na média, os controles eram posicionados sempre ligeiramente acima da posição “neutro”.

Foi assim até o instante em que, contrariando a moderação que vinha demonstrando, Bolsonaro deu um cavalo de pau e começou a pronunciar frases do arsenal negacionista.

As avaliações desabam no exato momento em que o presidente diz “o nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa”.

Bolsonaro passa então a defender ações contrárias às recomendações científicas. Diz que seu governo “não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas”. Ao abandonar o discurso contido do início do vídeo, ele não conseguiu mais se levantar do tombo nas avaliações. Ficou o restante do tempo em posições abaixo no ponto “neutro”.

Para recrutar respondentes para esse tipo de pesquisa, o Atlas dispara anúncios publicitários na internet com convites. Quem aceita participar preenche um formulário com informações pessoais e é apresentado ao vídeo com o controle de avaliação na mesma tela. Mecanismos de segurança impedem que a mesma pessoa participe mais de uma vez ou repasse o link para terceiros.

Com um conjunto numeroso de avaliações em mãos é possível analisar os comportamentos de segmentos específicos do eleitorado, com recortes por sexo, renda, escolaridade e religião, entre outros.

No pronunciamento da covid-19, a maior queda de avaliação ocorreu entre os eleitores mais jovens, de 16 a 24 anos.

No início, enxergavam a fala do presidente como “neutra positiva”. Quando Bolsonaro parte para o negacionismo, a avaliação feita pelos mais jovens desaba para uma faixa entre o “péssimo” e o “muito ruim” (confira nos gráficos).

Uma análise feita com a mesma ferramenta sobre a “live” de 29 de junho, aquela em que Bolsonaro prometia apresentar provas de fraudes na urna eletrônica, produziu resultados semelhantes.

As avaliações começam nas posições de neutralidade ou ligeiramente positivas, mas desmoronam já nos primeiros segundos quando o presidente, contrariando o que ele mesmo havia prometido, diz que “não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”.

O trecho testado tem quase seis minutos. A avaliação média da fala feita por 905 outros respondentes fica sempre abaixo da posição “neutro”.

Bolsonaro dispara ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso. Diz que, por discordar de sua campanha pela impressão do voto, o ministro “não quer eleição, quer impor um nome”.

Nada disso faz melhorar o julgamento médio do eleitorado. Só os segmentos de homens e evangélicos, tradicionais apoiadores do presidente, seguem avaliando as falas numa posição ligeiramente acima do “neutro”.

Há um esboço de melhoria quando Bolsonaro passa a palavra a um coronel da reserva que, segundo o presidente, iria explicar as evidências de fraudes.

O militar começa a falar devagar, sugere que irá fazer uma relevante revelação. Mas nenhum indício consistente de fraude é apresentado. Quando o convidado devolve a palavra a Bolsonaro, a pequena melhoria nas avaliações desaparece.

“Pegou mal Bolsonaro dizer que tinha provas contra as urnas, mas não apresentar nada”, diz Andrei Roman, diretor do Atlas e responsável pelo desenvolvimento desse tipo de pesquisa. “Essa ‘live’ não foi uma boa ideia para ele. Não contribuiu para aumentar sua popularidade nem para convencer qualquer segmento das denúncias que vinha fazendo.”

Valor Econômico  

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