Protestos de sábado podem gerar ou enterrar impeachment

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

As manifestações anti-Bolsonaro marcadas para o próximo sábado, 2, decidem o destino do projeto de impeachment do presidente. A tendência hoje é que o evento tenha centenas de milhares de pessoas, mas fique restrito aos eleitores de PT e PSOL, repetindo o ocorreu nos maiores atos ao longo da pandemia. Só que para destravar o impeachment de Bolsonaro, é preciso muito mais.

Bolsonaro mentiu desenfreadamente no discurso na ONU, na semana passada, mas disse uma verdade ao chamar de histórico as manifestações de Sete de Setembro, que juntaram centenas de milhares de pessoas em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e outras capitais. Foram as primeiras marchas golpistas desde os anos 1960 e demonstraram que o presidente tem uma capacidade de mobilização que o protege. Para fazer o Congresso enfrentar a fúria bolsonarista e abrir um processo de impeachment, seria necessário que os atos deste sábado fossem na casa dos milhões de pessoas. Não é o que parece que vai acontecer.

Líder nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva tende a não comparecer alegando cuidados com a Covid. Temendo vaias dos petistas, os pré-candidatos tucanos João Doria e Eduardo Leite também querem um pretexto para não ir. Por enquanto, só Ciro Gomes está confirmado.

O governo Bolsonaro é rejeitado por três de cada cinco brasileiro e a maioria absoluta quer o seu afastamento. O número de pedidos pedindo a abertura de um processo de responsabilidade protocolados na presidência da Câmara já está perto de 200. A CPI da Covid deve se encerrar com um novo pedido, responsabilizando Bolsonaro diretamente pela morte de 100 mil brasileiros pelo atraso na encomenda de vacinas e incentivo ao uso de remédios charlatães, como a cloroquina. Mas isso não basta para forçar o presidente da Câmara, Arthur Lira, a colocar o processo para andar. É preciso povo na rua e acordo nos bastidores.

Além do medo natural de contaminação pelo coronavírus, os protestos têm falhado pela falta de um mínimo de coordenação nas oposições. Ninguém confia em ninguém. Faltando só um ano para a eleição, os candidatos acham mais simples enfraquecer Bolsonaro e derrotá-lo nas urnas do que se juntar e bancar uma substituição que será complicada e de confrontos nas ruas.

Se houvesse um impeachment, o sucessor seria o vice Hamilton Mourão. Ninguém o conhece ou sabe quais seriam suas ambições se assumisse a cadeira presidencial. Faria uma transição pacífica ou se prepararia para ser ele mesmo o candidato herdeiro do bolsonarismo? Na dúvida, ninguém arrisca.

Mas além do enigma Mourão, os partidos querem um Bolsonaro fraco. Com o presidente neste nível de rejeição, Lula teria vitória garantia no segundo turno. Para a oposição de direita, a única chance de vitória seria que os eleitores de Bolsonaro o abandonassem em troca de outro candidato que jure ser tão antipetista quanto ele. Por isso, como observou o colunista Bruno Boghossian, da Folha, João Doria e Eduardo Leite iniciaram suas campanhas com ataques ao PT. Para Lula, Doria e Leite o impeachment cria mais incertezas do que vantagens.

Neste domingo (26/09), o presidente completou 1.000 dias no cargo. Sem milhões de eleitores nas ruas e com os políticos arredios, Bolsonaro garante os 460 dias restantes do seu mandato.

Veja  

Assinatura
CARTA AO LEITOR

O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

FORMAS DE DOAÇÃO

1 – Para fazer um depósito via PIX, a chave é edu.guim@uol.com.br

2 – Abaixo, duas opções de contribuição via cartão de crédito. Na primeira, você contribui mensalmente com o valor que quiser; na segunda opção, você pode contribuir uma só vez também com o valor que quiser. Clique na frase escrita em vermelho (abaixo) Doação Mensal ou na frase em vermelho (abaixo) Doação Única

DOAÇÃO MENSAL – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf

DOAÇÃO ÚNICA – CLIQUE NO LINK ABAIXO
https://www.mercadopago.com.br/subscriptions/checkout?preapproval_plan_id=282c035437934f48bb0e0e40940950bf