Bolsonaro tem estratégia para desidratar terceira via

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Foto: Eduardo Anizelli

Em trégua há mais de um mês com o Judiciário, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode ter perdido uma parcela de apoiadores mais radicais, mas auxiliares diretos dizem acreditar que sua versão “paz e amor” deve trazer votos da centro-direita na campanha de 2022.

A avaliação entre interlocutores no Planalto é que não deve haver um candidato competitivo da chamada terceira via no próximo pleito. As eleições, apostam eles, deverão ser polarizadas entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com ministros, a postura que o mandatário vinha adotando até as manifestações de raiz golpista do 7 de Setembro afastava eleitores não radicais do presidente.

Os atos golpistas representaram um auge de radicalização de Bolsonaro, após semanas de declarações do presidente com ameaças e xingamentos a ministros do STF, questionando as urnas eletrônicas e colocando em dúvida a própria realização do pleito presidencial em 2022.

​Com o novo tom, auxiliares avaliam que Bolsonaro pode se apresentar nas eleições como alternativa palatável a eleitores da centro-direita. A expectativa é que, caso nenhuma opção da terceira via decole, esse público acabará abraçando Bolsonaro diante da possibilidade da volta do ex-presidente Lula.

A principal aposta é tentar reeditar 2018, quando o mandatário se beneficiou do antipetismo disseminado entre esses eleitores.

Ainda segundo assessores, o incômodo que apoiadores mais radicais manifestaram após o recuo de Bolsonaro nos ataques contra as instituições não gera maiores preocupações para a eleição.

A avaliação é que esses eleitores não terão opção a não ser votar em Bolsonaro —ainda mais em um cenário em que o principal oponente deve ser Lula.

A estratégia desenhada no Planalto está refletida em uma publicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente.

O congressista compartilhou nas redes sociais um postagem de Bolsonaro, sobre itens que tiveram impostos federais zerados, como rádios e telas de LCD, e junto dela escreveu: “E os ‘liberais’ da ‘3ª via’ ficam como…”.

Um dos maiores desafios para conquistar o voto dessa parcela do eleitorado, admitem os interlocutores, é justamente o grande obstáculo do mandatário nas urnas: reverter o grave quadro de crise econômica e conter o aumento de preços.

Para a população mais pobre, o caminho traçado pelo governo é destravar o lançamento do sucessor do Bolsa Família, o chamado Auxílio Brasil.

Mas Bolsonaro também tem tentado se recolocar no cenário político como representante de credenciais liberais. Recentemente, ele disse ter vontade de privatizar a Petrobras.

“Já tenho vontade de privatizar a Petrobras, tenho vontade. Vou ver com a equipe da Economia o que a gente pode fazer”, afirmou na quinta-feira (14).

O presidente também tem atuado para reforçar laços com bases evangélicas, tendo participado de eventos com pastores nas últimas semanas.

Auxiliares de Bolsonaro estão preocupados com as tentativas de Lula de abrir pontos de interlocução com os evangélicos —ainda mais em um cenário de insatisfação de líderes religiosos com a demora da confirmação de André Mendonça para uma vaga no STF.​

Outra característica da campanha de reeleição de Bolsonaro, disseram assessores palacianos, deve ser o foco nas regiões Sul e Sudeste.

Em 2018, Bolsonaro venceu Fernando Haddad (PT) em todas as regiões do país, exceto o Nordeste. Nos estados do Sul e do Sudeste, ele atingiu ampla margem sobre o petista.

O diagnóstico de interlocutores é que Bolsonaro dificilmente conseguirá conter a onda de votos lulistas no Nordeste. Por isso, o plano na região deverá ser evitar uma derrota acachapante, na expectativa de compensar a desvantagem em outras regiões.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada em 16 de setembro, o Nordeste tinha 60% de rejeição ao governo Bolsonaro. O Sul registrou a maior aprovação por região, 29%.

Segundo aliados, o que pode ajudar Bolsonaro a repetir o resultado vencedor de 2018 é garantir palanques estaduais com candidatos competitivos. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, deve tentar se eleger governador.

O senador governista Jorginho Mello (PL), em Santa Catarina, também deve tentar o governo estadual. Já o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), é tratado como um possível nome para abrir palanque para Bolsonaro —apesar de ele não ser totalmente alinhado ao Planalto.

No fim de setembro, Zema recebeu afagos do presidente durante visita a Minas Gerais.

“Como é bom ter um governador da estatura do Romeu Zema. Um homem que ninguém conhecia na política. Foi uma surpresa para todos nós a sua ascensão. A humildade do Zema é o segredo do seu sucesso aqui em Minas Gerais”, disse o mandatário, na ocasião.

O problema, no entanto, é o maior colégio eleitoral do país. Em São Paulo, Bolsonaro ainda não identificou um possível candidato a governador a que possa se aliar e que seja competitivo.

Outro fator essencial para a campanha, na leitura de auxiliares, é a filiação do presidente a um partido com estrutura. As tratativas com o PP de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil, estão avançadas.

Além dos recursos do fundo eleitoral, a campanha de reeleição do presidente precisará de tempo de rádio e TV, segundo conselheiros mais pragmáticos. Eles dizem, contudo, que Bolsonaro permanece convencido que o principal meio de comunicação com eleitores continuará sendo as redes sociais.

Folha de S. Paulo

 

 

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