Brasil tem uma das maiores inflações do mundo

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Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Pressionado pela alta da inflação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) começou a tentar se desvencilhar das críticas ao atribuir a responsabilidade pela alta nos preços de alimentos e combustíveis aos governadores do país. Nas últimas semanas, embora mantenha os ataques à política do “fique em casa” para prevenir o alastramento da pandemia de coronavírus, o mandatário da República passou a dividir a conta da disparada com o que classifica como problema mundial. O chefe do Executivo federal coloca a situação brasileira como semelhante à de outros países. O Metrópoles foi checar até que ponto a alegação de Bolsonaro de que o comportamento da inflação brasileira segue um padrão similar ao de outras economias – e concluiu que os dados desautorizam ao menos em parte o argumento.

O (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, examinou dados apresentados pelos países do G20 (o grupo das 20 maiores economias do mundo) e pelos vizinhos da América Latina.

Em uma lista com 37 países, o Brasil computou a 5ª maior inflação já registrada até agosto deste ano. Com a alta de 0,87% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país chegou ao índice acumulado de 9,68% nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ranking, o Brasil só ganha dos vizinhos Venezuela (2.720%) e Argentina (51,4%), e da Turquia (19,58%) e do Haiti (12,2%). Como tentativa de controlar a hiperinflação, o Banco Central da Venezuela decidiu cortar seis zeros da moeda. A mudança passa a valer neste mês, quando a moeda bolívar digital entra em vigor.

Os dados sobre inflação de todos os países foram coletados no Terminal Bloomberg.

Segundo o economista-chefe da CA Indosuez (instituição financeira ligada ao banco francês Crédit Agricole), Fábio Passos, o fenômeno da inflação é mesmo sentido em todo o mundo, mas a realidade brasileira tem suas particularidades.

Para o especialista, a desvalorização cambial, decorrente do cenário político atual do país, é a principal diferença entre o panorama brasileiro e outros países. “O real foi a moeda que mais se desvalorizou em todo o mundo. E não tem como fugir da responsabilidade, o próprio governo contribuiu para ocorrer esse cenário”, explica.

Para o economista, a culpabilização dos estados, repetida por Bolsonaro, “não faz sentido”. “Se tivesse ocorrido um aumento de impostos, faria sentido isso, mas não é o caso”, completa Passos.

Com relação aos combustíveis, por exemplo, o economista-chefe explica que o problema de oferta é global, e não são os impostos estaduais os vilões dos altos preços encontrados nos postos.

Considerando uma lista com 196 países, o país figuraria na 27ª posição, com indicador pior do que o de nações como África do Sul (4,9%), Guatemala (3,62%) e Honduras (4,48%).

Recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que considera a alta da inflação no país como “dentro do jogo” e que a situação estaria sendo sentida em outros países. “A inflação sobe um pouco, todo mundo [fala em] descontrole. Não é descontrole, a inflação está subindo no mundo inteiro”, afirmou o mandatário da pasta, seguindo posição parecida com a de Bolsonaro.

Para o economista-chefe da Necton, André Perfeito, a alta inflacionária no Brasil deve tentar ser controlada pela política nos próximos meses, visto que o governo está às vésperas de um ano eleitoral.

“A mistura de inflação persistente com atividade fraca irá jogar ainda mais pressão sobre a classe política para tentar ‘fazer algo’, e isto pode gerar ruídos ao longo dos próximos dias. A dinâmica se torna mais desafiadora.”

Metrópoles

 

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