Direita prepara “plano infalível” contra Lula

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A centro-direita (políticos, banqueiros, empresários e mídia) sente calafrios por talvez vir a ter que apoiar Lula para se livrar de Bolsonaro. Por isso, arquitetou um plano B…

Quem não se lembra dos “planos infalíveis” da personagem dos quadrinhos “Monica”, arquiinimiga do “Cebolinha”, do universo criado pelo quadrinista Maurício de Souza? Cebolinha e seu companheiro “Cascão” teciam “planos infalíveis” para derrotar a menininha dentuça, de vestitinho vermelho e que usava seu coelhinho de pelúcia como uma arma. Aqueles planos infalíveis sempre davam errado.

A centro-direita brasileira é composta por um microverso que envolve neoliberais e devotos do “São Mercado”, uma entidade etérea, “onisciente” e “onipotente” que torna o mundo pior do que poderia ser. Essa é a base da tal centro-direita, que a mídia, sua apoiadora, gosta de chamar de “centro”.

Na verdade, politicamente a centro-direita neoliberal só se preocupa com privatizações, extinção de direitos trabalhistas, liberdade total para empresários e impostos baixos para ricos.

Essa centro-direita esperava eleger Geraldo Alckmin em 2018, mas com o fortalecimento de Bolsonaro com a derrocada do PT a partir de 2013, o eleitorado de extrema-direita, que só tinha a direitinha demo-tucana para votar, ganhou um candidato para chamar de seu e abandonou o PSDB ao sol.

A centro-direita neoliberal viu um político nacionalista e que queria matar FHC pelas privatizações chegar ao poder fazendo profissão de fé no neoliberalismo e nomeando Guedes para vencer resistências. Mídia, banqueiros e empresários acreditaram. Eleito, porém, Bolsonaro deixou Guedes falando sozinho e a agenda neoliberal empacou.

Ao mesmo tempo, Sergio Moro, que se tornou pop star do antipetismo ao mover uma campanha insidiosa e falsária contra Lula auxiliado pelos playboys da Lava Jato, virou uma promessa para a alma neoliberal da Faria Lima (centro-financeiro de São Paulo).
As coisas, porém, começaram a dar errado quando o Intercept Brasil, em junho de 2019, provou que a Lava Jato era uma farsa engendrada por um juiz e um bando de procuradores do MPF para ganharem fama e dinheiro.

Moro e Lava Jato se desmoralizaram ainda mais no mundo jurídico. A condenação de Lula no caso do triplex do Guarujá virou case internacional de processo judicial fraudulento e politiqueiro implementado via lawfare.

Quando o STF condenou Moro por fraudar processos contra Lula, foi virtualmente desmoralizado. Moro, que chegou a ter mais intenções de voto e popularidade que Bolsonaro, despencou nas pesquisas e hoje é um candidato nanico.

Mas continua mantendo devotos na mídia, entre banqueiros, empresariado e políticos de direita. Esses, agora, sonham com sua canditura a presidente.

Funcionaria assim: Moro se candidata, tira Bolsonaro de um segundo turno que ninguém nem sabe se vai acontecer, pois Lula ameaça vencer no primeiro turno, e disputaria a Presidência da República com o ex-presidente.

Quem explica bem como isso pode — e deve — dar errado é o colunista político Claudio Humberto, ex-porta-voz do então presidente Collor de Mello e um antipetista furibundo que tem um ódio quase sobrenatural ao PT.

Diz ele:

A provável candidatura do ex-ministro Sérgio Moro a presidente (…) deve tirar votos do ex-chefe (…), mas pode ganhar o significado de “caixão fúnebre” (…) A expectativa (…) é que Moro pode chegar a 10% (…) do primeiro turno (…) Ele se vê no dilema de mobilizar bolsonaristas arrependidos, mas vê-los retornando no apoio ao presidente contra Lula, no 2º turno. Moro talvez fosse imbatível se, aliado de Bolsonaro, fosse seu candidato contra Lula. Mas, com o presidente na disputa, seu projeto pode “micar”.

Ou seja: Moro seria um candidato mais forte se não tivesse saído da aba de Bolsonaro e fosse apoiado por ele para presidente, já que Bolsonaro, hoje, tem chances escassas de vitória, segundo as pesquisas. Mas sua popularidade foi “chupada” da de Bolsonaro. Como inimigo dele, não tem votos. Não vai longe.

O “plano infalível” da centro-direita é uma droga, portanto. Lula será eleito pela lembrança de um governo em que a vida de todos, ricos e pobres, melhorou muito. Apenas isso.

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