Ministro-astronauta responde Guedes

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Foto: Pedro Ladeira

Xingado por Paulo Guedes (Economia) durante reunião com parlamentares na terça-feira (26), o ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, diz que é a primeira vez que foi chamado de burro na vida.

No encontro com deputados da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, o titular da pasta da Economia disse que o corte de R$ 600 milhões apontado pelo ministro-astronauta foi, na verdade, um remanejamento de recursos não executados da pasta, por incompetência de Pontes, que não estava presente.

“Sobre as falas do PG [Guedes], não tem muito o que comentar. A parte engraçada é que já fui chamado de muita coisa, mas de burro é a primeira vez”, diz Pontes ao Painel, por mensagem (veja íntegra abaixo).

O ministro da Ciência diz não ver problemas nos ataques desferidos pelo colega de governo. “Como diria meu saudoso professor de Química do ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica], dr. Carl Weis: ‘Isso não me comove…’ (Os iteanos mais antigos vão se lembrar)”, completa.

Ele recorre à sua experiência no universo aeronáutico para dar compreensão ao atrito.

“Lembre-se que astronautas e pilotos de combate são profissionais altamente treinados para trabalhar em equipe, mesmo em situações extremas de vida ou morte”, diz o ministro. “Às vezes, voando em formação, um piloto comete um erro e ‘dá uma asada’ para cima de você. Você desvia, corrige e continua o voo para cumprir a missão da equipe.”

Pontes diz que continua a ter o mesmo respeito pessoal por Guedes e afirma que tem que dar um desconto ao colega.

“Ele está em um momento difícil e deve estar meio confuso para expressar suas ideias. Não seria a primeira vez que ele foi mal interpretado em suas falas”, defende.

O ministro da Economia foi derrotado pela ala política do governo Bolsonaro, que conseguiu implementar um drible no teto de gastos. A equipe de Guedes sofreu uma debandada de secretários e o próprio ministro tem sido alvo de críticas de membros do primeiro escalão do governo, que pedem a sua demissão.

Segundo relato dos participantes, Guedes disse que não falta dinheiro, mas falta gestão no Ministério da Ciência. Ele se queixou das prioridades do ministério, afirmou que sempre defendeu o investimento em ciência, mas que o dinheiro foi parar em ‘foguetes’.

Nesse momento, usou a palavra “burro” para classificar o gestor e disse que por esses erros de priorização ele tem responsabilidade pelas dificuldades atravessadas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Pontes rebate e afirma que Guedes não deve ter tido tempo de entender como funciona a execução no MCTI, “que todo ano é superior a 99%”, ou sobre a governança do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), ou sobre a importância de ter recursos prontos para testes clínicos das vacinas nacionais assim que liberadas pela Anvisa, ou, principalmente, sobre a diferença entre recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis.

“O importante neste momento não são essas discussões de narrativas. Isso não leva a nada”, afirma o ministro, destacando que a prioridade deve ser a reposição dos R$ 600 milhões retirados da pasta pelo Projeto de Lei do Congresso 16/2021.

“A gestão financeira do MCTI é muito eficiente. Assim que for liberado o recurso, iniciaremos a execução. Mas há um limite de tempo hábil para isso. Daí a urgência”, conclui o ministro.

VEJA A RESPOSTA DE MARCOS PONTES NA ÍNTEGRA:

Sobre as falas do PG, não tem muito o que comentar. A parte engraçada é que já fui chamado de muita coisa, mas de burro é a primeira vez.

Mas não tem qualquer problema. Eu não me preocupo com esse tipo de coisa há algumas décadas. Como diria meu saudoso professor de Química do ITA, Dr. Carl Weis: “Isso não me comove…” (Os iteanos mais antigos vão se lembrar),

Lembre-se que astronautas e pilotos de combate são profissionais altamente treinados para trabalhar em equipe, mesmo em situações extremas de vida ou morte. Para uma equipe ser eficiente, é necessário, entre outras coisas, compreensão, respeito mútuo e confiança entre todos os membros.

Às vezes, voando em formação, um piloto comete um erro e “dá uma asada” para cima de você. Você desvia, corrige e continua o voo para cumprir a missão da equipe. Todas as pessoas cometem erros, faz parte da natureza humana. Uma boa equipe sabe como absorver isso e compensar.

Portanto, é óbvio que continuo a ter o mesmo respeito pessoal pelo PG, sem qualquer alteração, assim como tenho com qualquer outro ministro, parlamentar, e todos aqueles que trabalham com sinceridade e honestidade em prol do Brasil. Quem me conhece já deve ter notado isso.

Além disso, é importante dar um desconto para o Paulo. Ele está em um momento difícil e deve estar meio confuso para expressar suas ideias. Não seria a primeira vez que ele foi mal interpretado em suas falas.

Certamente ele não deve ter tido tempo para entender sobre a nossa execução no MCTI (que todo ano é superior a 99%), ou sobre como funciona a governança do FNDCT, a importância estratégica para o Brasil de ter recursos prontos para os testes clínicos das vacinas nacionais assim que liberadas pela Anvisa, e principalmente sobre a diferença entre recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis.

O importante neste momento não são essas discussões de narrativas. Isso não leva a nada.

Como engenheiro, gestor e piloto de combate, trabalho com ciência, dados, fatos e resultados práticos (veja a parte de entregas do website do MCTI para ver o que já foi feito, mesmo com as restrições de orçamento). O que é importante para a Ciência e Tecnologia do Brasil neste momento, de forma pragmática, é a liberação urgente do PLN com a reposição dos valores transferidos do PLN16.

E isso é algo que não depende de mim, infelizmente. Como é sabido, no MCTI não temos o poder de decidir sobre os orçamentos do governo. Fizemos a nossa parte, com todas os documentos de solicitações e justificativas formais necessários através do sistema público previsto durante as últimas semanas. Também solicitamos reuniões técnicas para discutir o problema. Agora aguardamos as respostas, decisões e a liberação.

A gestão financeira do MCTI é muito eficiente. Assim que for liberado o recurso, iniciaremos a execução.
Mas há um limite de tempo hábil para isso. Daí a urgência.

Folha de S. Paulo

 

 

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