Sem votos, tucanos querem apoio do mercado financeiro

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Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

Se o governador de São Paulo, João Doria, tem uma relação antiga com o mercado financeiro e o empresariado, seu principal concorrente nas prévias presidenciais do PSDB, o gaúcho Eduardo Leite, trabalha para equilibrar o jogo e invadir o terreno da Avenida Faria Lima, região que concentra bancos de investimento e empresas de tecnologia, que produzem uma parte do PIB brasileiro.

Nas últimas semanas, Doria está focado em buscar apoio interno dos diretórios tucanos nos estados, enquanto Leite faz uma peregrinação no “distrito financeiro” de São Paulo para tentar se firmar como o representante da chamada terceira via entre esse público.

São inúmeros encontros com bancos e corretoras, além do empresariado paulista. Para isso, Leite tem contado com a interlocução de parte de um grupo de economistas decanos ligados ao PSDB, mas alguns evitam falas públicas, para não queimar pontes com Doria.

Coordenador do programa econômico de Leite, Aod Cunha, que trabalhou no JP Morgan e foi sócio do BTG, afirma que o gaúcho tem diálogo com nomes de peso da economia brasileira, como Elena Landau, Edmar Bacha e Arminio Fraga.

Aod reconhece que Leite e Doria têm semelhanças na economia, mas vê diferenças no discurso do gaúcho de rigor fiscal, sem abrir mão da redução das desigualdades e da preservação ambiental. Doria tem investimentos robustos na área social e ambiental.

— As reformas de que o Brasil precisa dependem de articulação política e de capacidade de unir o país. E temos mostrado que isso foi feito no Rio Grande do Sul (onde foram aprovadas reformas administrativa e da Previdência) e pode ocorrer nacionalmente. O Eduardo tem acolhimento grande nesse público — diz Cunha, ex-secretário de Fazenda do governo gaúcho sob a tucana Yeda Crusius (2007-2011), quando fez um ajuste nas contas.

Em São Paulo, Doria também aprovou, desde 2020, uma reforma da Previdência, e, mais recentemente, uma outra administrativa.

Secretário estadual de Projetos e Ações Estratégicas em São Paulo, o deputado licenciado Rodrigo Maia tem auxiliado na interlocução com o setor econômico. Ele avalia que a terceira via pode se viabilizar com Doria. O paulista, porém, patina nas pesquisas de intenção de voto, mesmo com um ativo político como a vacina Coronavac.

— O mercado está cético, mas tenho defendido que o eleitor do Sudeste pode convergir com a terceira via pela qualidade da gestão em São Paulo. Houve investimento na área social sem ampliar despesas e reformas que geraram uma capacidade de investimento de R$ 22 bilhões este ano — defende Maia, que semana passada esteve com a XP e num almoço com Doria e a diretoria do Itaú. — O eleitor não vê ainda o Doria como candidato. Ao vencer as prévias, ele vai crescer.

Já o empresário Horácio Lafer Piva se diz menos otimista com as prévias.

— São importantes para as coalizões, mas não definirão a terceira via. O PSDB está devendo uma mensagem de unidade. Tem bons nomes, mas distantes da linguagem da maioria dos eleitores.

Embora historicamente o PSDB tenha boa entrada no setor econômico, Leite tenta quebrar resistências, por ser menos conhecido nacionalmente e representar um estado importante, mas com menos peso do que São Paulo.

A economista Elena Landau afirma que tem afinidade de pensamento com Leite e que a aliança do gaúcho com Tasso Jereissati (PSDB-CE), que tem capilaridade no setor por ser de uma família de empresários, pesa a favor. O senador desistiu das prévias em setembro para apoiar Leite.

— Onde o Tasso for, eu vou. O PSDB sempre foi bom na economia. Mas ele (Leite) é uma novidade e traz o discurso pela redução das desigualdades e defesa do meio ambiente.

Fontes ligadas a corretoras de investimentos veem Leite com simpatia e avaliam que o candidato nas prévias do PSDB tem mais aderência ao público jovem e LGBTQIAP+ do que o governador paulista. Por outro lado, é visto como um nome regional. Doria é descrito como articulado com os empresários e, neste momento, teria mais apoio no setor.

Presidente da holding Itaúsa, que controla o maior banco privado do país, o Itaú, Alfredo Setubal é do grupo que apoia Doria. Em entrevista à coluna Capital, do GLOBO, no fim de setembro, disse que o governador paulista tem se mostrado “um grande gestor”:

— São Paulo vai crescer 8% este ano. No ano passado, o PIB do estado ficou estável. Eu não tenho todas as condições de julgar o Leite, mas moro em São Paulo e vejo o que acontece aqui.

Integrante da equipe que criou o Plano Real, o economista Edmar Bacha diz que Doria e Leite têm qualidades “distintas”.

— Doria tem a experiência e a vacina. Já o Leite é “o novo” e tem um compromisso de ficar só quatro anos. Estamos vendo agora um presidente agir pela reeleição e destruir o arcabouço fiscal.

Assim como fazia quando estava à frente do grupo Lide, por ele criado, Doria viaja esta semana para a Expo Dubai acompanhado de empresários com o objetivo de ampliar negócios entre o estado e os Emirados Árabes. Representantes de companhias como BRF, Ambev e Raízen integram a comitiva.

A equipe de Leite, no entanto, crê estar à frente no quesito mercado e cita como exemplo relatório da consultoria Eurasia que o apontou na dianteira das prévias. Os paulistas rebatem e dizem que os nomes de peso estão com Doria, como o dono do Itaú.

O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio participa das prévias, mas é menos ativo na campanha. As primárias que vão definir o pré-candidato tucano à Presidência estão marcadas para 21 de novembro.

O Globo 

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