Streaming está triturando audiência da TV aberta

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Foto: Unsplash

Por muitos anos isolada como o principal meio de entretenimento domiciliar, a TV aberta segue perdendo a vez na preferência do brasileiro. Após ver os serviços de streaming ficarem atrás apenas da Globo em 2020, os principais canais abertos tiveram nova queda de audiência nos nove primeiros meses de 2021.

Segundo dados do Ibope, divulgados pela coluna de Ricardo Feltrin, do UOL, com exceção da Record, que teve leve crescimento, todas as emissoras abertas, bem como a soma dos canais por assinatura, sofreram com uma queda brusca nas medições entre janeiro e setembro deste ano.

Na média do Ibope no país (que leva em consideração as 15 regiões metropolitanas), a Globo teve queda de 2% em comparação com o ano passado. Já o SBT (-13%), Band (-11%), RedeTV (-22%) e os canais pagos (-16%) tiveram redução de share – medição da participação de cada canal no universo de aparelhos ligados nas 24 horas do dia.

Já em pontos, os números também demonstram como a TV aberta tem perdido espaço para o streaming no Brasil. A RedeTV teve uma redução de 25%; canais pagos, -19%; SBT, -16%; Band, -14%; e Globo, -6%. Neste caso, a Record foi a única a crescer, com um ligeiro ganho de 4%.

Único canal aberto a se manter à frente dos serviços de streaming, a Globo continua no topo com larga diferença para a concorrência. Cerca de um terço das TVs brasileiras seguem sintonizando no canal diariamente, ou seja, quase 33% de share nas 24 horas do dia.

Por outro lado, as plataformas on-line seguem em crescimento acelerado e tiveram cerca de 34% a mais de share (porcentagem de TVs ligadas em algum serviço) em comparação com 2020. Já em pontos, o aumento foi de 29%, pulando de 4,7 pontos para 6,1 pontos neste ano.

Pesquisador e professor do mestrado em economia criativa da Universidade Católica de Brasília (UCB), Alexandre Kielling, avalia que, seguindo esse crescimento, é possível que o streaming supere os canais abertos, mas pondera que a tendência é por um sistema híbrido, onde as plataformas e a TV aberta se complementem.

“Para as emissoras de TV é só mais uma sistema de distribuição que ela tem que se adaptar. O que muda é que ela não vai mais colocar toda a carga de conteúdo na TV aberta ou fechada. O conteúdo vai continuar sendo o carro-chefe, mas a diversidade de alternativas para distribuir vai aumentar”, explica.

Com plataformas já consolidadas como Netflix, Amazon Prime Video e Disney+, além de serviços recém-chegados no país como Star+ e HBO Max, o streaming fica cada vez mais forte na “queda de braço” com os canais abertos. Além de possibilitar ao espectador assistir o que quiser na hora que quiser, o streaming também tem ganhado a disputa pela qualidade de suas produções.

“O streaming está tomando o espaço que antes era da TV à cabo. Agora você tem a possibilidade de escolher o que assistir na hora que quiser. Outra coisa que chama a atenção é o fato dos serviços estarem apostando bastante em produções consideradas populares, como a Disney, que tem lançado a cada dois meses alguma série da Marvel”, explica Fábio Gomes, apresentador e especialista em cultura pop.

Para ele, as novelas podem ser um grande “trunfo” das plataformas para conquistar de vez o consumidor brasileiro na disputa com os canais abertos. “O streaming ainda precisa aprender com a TV aberta sobre conteúdo nacional. Nós temos um país onde a novela é muito enraizada e não acho que perdeu espaço com muitos falam”, comenta.

A estratégia, por exemplo, está nos planos da Netflix para os próximos anos. Recentemente, a plataforma contratou Elisabetta Zenatti, experiente produtora, com passagem por diversas empresas da área, para tocar o projeto de novelas do serviço.

Metrópoles

 

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