Votação da PEC do MPF é adiada para terça
Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
As alterações no funcionamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), previstas na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 05/2021, entraram na pauta de votação da Câmara dos Deputados desta quinta-feira (14). Em sessão, o presidente Arthur Lira (PP-AL) anunciou que a votação será feita na próxima terça (19).
Mais cedo, a bancada do partido do Novo apresentou um requerimento para adiar a discussão da proposta. A sigla argumenta que ainda não houve debate suficiente para colocar a PEC em votação.
A sessão, porém, foi aberta com apreciação de outra matéria, a medida provisória 1054/2021 abre crédito extraordinário no valor de R$ 235 milhões para o enfrentamento da pandemia em regiões de populações indígenas, aprovada em plenário.
O Conselho Nacional do MP tem entre as responsabilidades fiscalizar a conduta ética de promotores de justiça. Desde a semana passada, a PEC 5/2021 é alvo de polêmicas na Casa por mexer na autonomia do Conselho, dando poder ao Congresso de indicar parte de seus integrantes. Apesar de constar na pauta, os parlamentares ainda negociam o texto.
O parecer preliminar do relator da PEC, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), prevê que o Conselho passe a contar com 17 membros, onde terão 5 indicados ou eleitos pelo Legislativo. Atualmente são 14 conselheiros.
De acordo com o líder do minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), são discutidas alterações na PEC e mantido diálogo com representantes do Ministério Público para tentar negociar pontos que têm gerado maior resistência junto aos procuradores. Freixo, porém, não quis dizer quais pontos eram estes.
Durante a sessão, o deputado Paulo Gamine (Novo-RJ) apresentou um requerimento para que a PEC 5 fosse retirada de pauta. “Colocar uma trava no trabalho do Ministério Público é colocar uma trava no combate à criminalidade. (…) Essa PEC nada tem de oportuna ou necessária. (…) O novo texto atenua alguns pontos, mas não resolve todos eles. (…) Por isso, não entendemos que seja oportuno votar”, declarou. Para Gamine, faltou debate em comissão para que a proposta seja votada em plenário.
Alex Manente (Cidadania-SP) se pronunciou contra o requerimento. “Não é razoável falar que vai ser retroagir no combate à corrupção e impunidade, porque todas as mudanças sugeridas pelo Ministério Público foram incorporadas. (…) Estou muito seguro que todos os pleitos foram atendidos”, defendeu. A mesma posição foi defendida pelo PSL.
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A PEC 5/2021 tem entre os apoiadores, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). Ele defende que a indicação de parte dos conselheiros pelo legislativo e a criação de um novo código de ética para o órgão irão ajudar no combater à impunidade contra promotores que venham a cometer improbidade administrativa.
Enquanto isso, os que se opõem ao texto consideram que as mudanças podem atrelar parte da estrutura do Conselho a indicações políticas, comprometendo investigações que versem sobre questões de interesse público. Outro aspecto alvo de alertas é o fato de a PEC 5/2021 concentrar poderes nas mãos do procurador-geral da República, cargo atualmente ocupado por Augusto Aras.
A Medida Provisória 1054/2021, aprovada na sessão desta quinta prevê a abertura de um crédito extraordinário no valor de R$ 235 milhões para os ministérios da Defesa, Segurança Pública e Cidadania.
A MP foi emitida a pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes, que assinou junto ao presidente Jair Bolsonaro.
Para os ministérios da Defesa e da Segurança Pública, os créditos, respectivamente de R$ 20 milhões e R$ 41 milhões, foram solicitados sob justificativa de enfrentamento da pandemia da covid-19. No caso do Ministério da Cidadania, a solicitação de crédito – de R$ 173 milhões – tem como destino “Distribuição de alimentos a grupos populacionais tradicionais e específicos”.
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