1% mais rico ganha 35 vezes mais que 50% mais pobres

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Foto: Victor Moriyama/Getty Images

Apesar da pandemia, a concentração de renda no Brasil em 2020 caiu ao menor patamar dos últimos seis anos. No ano passado, o 1% mais rico da população recebeu, em média, 34,9 vezes a renda da metade mais pobre. Enquanto a parcela mais abastada ganhou uma média de R$ 15.816 por mês, per capita, os mais vulneráveis receberam R$ 453. Em 2019, a relação havia ficado em 40 vezes.

A redução da concentração se deve principalmente ao pagamento do auxílio emergencial de R$ 600 (ou R$ 1.200, no caso de mulheres chefes de família) a trabalhadores informais que ficaram sem serviço na pandemia. Depois, o valor foi reduzido para R$ 300. Em muitos casos, o auxílio fez a renda do trabalhador superar a que ele tinha antes.

Com isso, o Índice de Gini no Brasil melhorou, caindo de 0,506 em 2019 para 0,500 em 2020. No índice, que vai de zero a um, usado para medir a desigualdade social, quanto mais perto de zero, maior a igualdade. Desde 2017, o Brasil não atingia esse patamar.

Os dados foram divulgados hoje e são parte da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo o IBGE, “a desigualdade medida pelo Gini se reduziu em todas as grandes regiões, sobretudo no Norte e Nordeste, regiões onde o recebimento do auxílio emergencial atingiu maior proporção de domicílios.”

Na comparação com 2019, houve queda de 9,4% (R$ 1.632) nos rendimentos médios do 1% mais rico da população. Conforme a pesquisa mostra fatias mais pobres, porém, há aumento nos rendimentos. O maior, percentualmente, foi para os brasileiros que estão entre os 5% e os 10% dos mais pobres. A renda deles subiu 17,6% em 2020, indo para R$ 200 por mês.

A pesquisa mostra que 23,7% das casas brasileiras receberam recursos de programas sociais em 2020, como o auxílio emergencial. Em 2019, o índice era de 0,7% —não é especificado que benefício era ofertado nesse ano.

Os 23,7% desconsideram dois programas sociais: o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Na comparação com 2019, esses dois benefícios registraram queda no ano passado. No caso do Bolsa Família a redução pode ser explicada pela migração automática dos beneficiários para o auxílio emergencial, nos casos em que o auxílio era mais vantajoso.

No Bolsa Família, o percentual de casas que recebiam a quantia caiu de 14,3%, em 2019, para 7,2%, no ano passado. Já no BPC a queda foi menor: de 3,5% para 3,1%.

Ainda que a concentração de renda tenha diminuído, o rendimento médio mensal da população brasileira, como um todo, também caiu, atingindo R$ 2.213 no ano passado, o menor patamar desde 2012. É 3,4% a menos que em 2019. O valor é referente a brasileiros com rendimentos, nos quais se considera todo tipo de fonte de renda.

A redução ocorreu no Distrito Federal e em 18 estados. O Distrito Federal foi onde houve a maior diminuição, de R$ 250, seguido de Roraima (R$ 207), Espírito Santo (R$ 176), Rio de Janeiro (R$ 166), Mato Grosso do Sul (R$ 132), Paraná (R$ 120) e São Paulo (R$ 113). Por outro lado, outros oito Estados apresentaram rendimento maior.

Devido à pandemia, o IBGE alterou a forma de coleta de dados — de presencial para exclusivamente por telefone — a partir do segundo semestre de 2020. Segundo nota técnica do órgão, a mudança ocorreu pela “segurança tanto dos entrevistados quanto dos entrevistadores”.

Porém, o novo método provocou uma “redução considerável” na taxa de aproveitamento da pesquisa, ainda conforme o IBGE. Para o levantamento, há um esquema de rotação de domicílios consultados. Quando uma casa é consultada, fica dois meses seguidos de fora da amostra.

O problema é que não havia telefone de contato em parte dos endereços. Com isso, a amostra (número de pessoas entrevistadas) diminuiu.

O IBGE diz que investiu em “técnicas de pareamento de dados” e “esforço das equipes regionais” para obter os telefones das residências selecionadas.

Além da mudança na coleta de dados, a pesquisa também não apresenta detalhamento por sexo e faixa etária. Segundo o IBGE, a decisão de não apresentar os dados decorre da falta de um Censo Demográfico recente.

“A equipe técnica entendeu que era oportuno aguardar pelos totais populacionais do próximo Censo Demográfico, que seriam menos defasados do que a utilização dos resultados do Censo de 2010.”

Os dados da Pnad Contínua serão recalculados após o próximo Censo.

A pesquisa também não tem dados por raça.

Uol 

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