Em livro, Moro ignora abusos da Lava Jato e faz defesa genérica

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Foto:  Pedro Ladeira-4.dez.19/Folhapress

O livro “Contra o Sistema da Corrupção”, que Sergio Moro lança nesta semana, apresenta a versão do ex-juiz e ex-ministro para alguns dos principais episódios do período em que conduziu os processos da Lava Jato em Curitiba e dos 16 meses em que participou do governo Jair Bolsonaro.

Após quase cinco anos à frente da operação que expôs um bilionário esquema de corrupção na Petrobras, Moro deixou a magistratura no fim de 2018 para ser ministro da Justiça e da Segurança Pública. Em abril do ano passado, ele se demitiu e acusou Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal.

Nos trechos selecionados aqui, ele rebate acusações que sofreu pela maneira como conduziu os processos da Lava Jato, critica a decisão do Supremo Tribunal Federal que o considerou parcial como juiz nos casos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reflete sobre sua relação com Bolsonaro.

“Os críticos diziam que queríamos fazer sensacionalismo e julgar os casos com base na opinião pública. Os hipócritas, aqueles que pagavam ou recebiam suborno, assim como seus aliados, alegavam que buscávamos criminalizar a política. Nada mais falso, já que apenas cumpríamos a Constituição. Ou seria preferível varrer tudo para debaixo do tapete a fim de que ninguém soubesse?”

sobre a Operação Lava Jato

“Ouvi de algumas pessoas que Bolsonaro receava que eu saísse do governo e me tornasse um adversário nas eleições de 2022. Francamente, eu não tinha esses planos enquanto era ministro, por isso expulsar-me do governo não seria a melhor estratégia para evitar que eu concorresse com ele”

Sobre a rivalidade com Bolsonaro

“Havia nítida pressão política para que eu fosse de alguma maneira responsabilizado –para piorar as coisas, a decisão aparentava não ter sido bem compreendida no STF. Se eu sofresse alguma punição naquele caso, penso, seria uma afronta à independência da magistratura. Além disso, punir um juiz por fazer o que era certo no contexto dos fatos era algo ainda mais surreal”

sobre a repreensão que sofreu do STF por ter divulgado o áudio de uma conversa de Lula e Dilma em 2016

“Se o general quisesse pressionar o STF, agiria pelos bastidores e não publicamente, sendo plausível a sua alegação de que o tuíte tinha por objetivo conter os exaltados. […] Não cabe, evidentemente, às Forças Armadas intervir na política ou mesmo influenciar julgamentos. Não me parece que foi isso que ocorreu no episódio. O general Villas Bôas, um homem honrado, ocupou o comando do Exército num período de grande turbulência no país e manteve os militares nos quartéis”

sobre o tuíte do general Eduardo Villas Bôas, então comandante do Exército, na véspera do julgamento de um habeas corpus de Lula pelo STF, em 2018

“O Supremo tem de ser respeitado como instituição, mas sou forçado a dizer que a anulação tem por base fatos e afirmações que não são reais. Nunca houve qualquer fraude cometida contra o ex-presidente no processo que resultou em sua condenação e jamais se atuou com parcialidade com ele”

sobre sua suspeição como juiz e a anulação das ações movidas pela Lava Jato contra Lula

“Criticar instituições ou agentes públicos faz parte do regime democrático. Mas bradar pelo fechamento das instituições e pela instauração de um regime autoritário são coisas bem diferentes […]. A ida do presidente àquele tipo de evento foi péssima do ponto de vista político, ainda que ele não tenha feito declarações diretamente a favor de uma solução autoritária para o país”

sobre a participação de Bolsonaro em manifestação na frente do quartel-general do Exército em abril de 2020

“Evidentemente eu não descartava a possibilidade de ser nomeado pelo presidente no momento oportuno, mas não cabia estabelecer isso como condição para aceitar o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública. […] Eu simplesmente pensei que, naquele momento, demandar a promessa da vaga não era algo honrado a fazer. Além disso, a indicação do meu nome viria naturalmente se eu, como ministro da Justiça, fizesse um bom trabalho (aqui de fato fui ingênuo, admito)”

ao negar que tenha tratado com Bolsonaro de sua nomeação para o STF

“Ouvi de algumas pessoas que Bolsonaro receava que eu saísse do governo e me tornasse um adversário nas eleições de 2022. Francamente, eu não tinha esses planos enquanto era ministro, por isso expulsar-me do governo não seria a melhor estratégia para evitar que eu concorresse com ele”

sobre a rivalidade com Bolsonaro

Folha de S. Paulo

 

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O Blog da Cidadania é um dos mais antigos blogs políticos do país. Fundado em março de 2005, este espaço acolheu grandes lutas contra os grupos de mídia e chegou a ser alvo dos golpistas de 2016, ou do braço armado deles, o juiz Sergio Moro e a Operação Lava jato.

No alvorecer de 2017, o blogueiro Eduardo Guimarães foi alvo de operação da Polícia Federal não por ter cometido qualquer tipo de crime, mas por ter feito jornalismo publicando neste Blog matéria sobre a 24a fase da Operação Lava Jato, que focava no ex-presidente Lula.

O Blog da Cidadania representou contra grandes grupos de mídia na Justiça e no Ministério Público por práticas abusivas contra o consumidor, representou contra autoridades do judiciário e do Legislativo, como o ministro Gilmar Mendes, o juiz Sergio Moro e o ex-deputado Eduardo Cunha.

O trabalho do Blog da Cidadania sempre foi feito às expensas do editor da página, Eduardo Guimarães. Porém, com a perseguição que o blogueiro sofreu não tem mais como custear o Blog, o qual, agora, dependerá de você para continuar existindo. Apoie financeiramente o Blog

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