Heleno diz que Bolsonaro derrotará críticos “pelo voto”

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Um dos auxiliares mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno está alinhado com o discurso do titular do Planalto e diz haver um exagero em relação ao desmatamento na Amazônia. “Se a gente for juntar todas as áreas que dizem que desmataram da Amazônia, ela teria acabado e seria um grande campo de futebol. Esses comentários ferem quem conhece e quem esteve na Amazônia”, comentou o general.

Heleno participou, ontem, da terceira edição do webinar Brasil 2022: 200 anos de Independência, promovido pelo Instituto General Villas Bôas, na sede dos Diários Associados, em Brasília. O encontro debateu, entre outros pontos, questões estratégicas e de interesse nacional na Amazônia. Após a palestra, o militar deu entrevista ao Correio. Além do meio ambiente, tratou de eleições 2022, polarização e visões de futuro para o Brasil.

Sobre a polarização entre Bolsonaro e Lula, Heleno afirmou que, por meio do voto e da democracia, “aqueles que já mostraram que não são aptos a tratar de um país com a grandiosidade do Brasil, devem ser expurgados da política brasileira”. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

O desmatamento na Amazônia está superdimensionado?

É claro que a Amazônia tem um desmatamento acima do normal, exatamente pelo seu tamanho. Todo ano tem esse levantamento, e aparecem números que parece que a Amazônia está totalmente destruída. Eu converso com algumas pessoas que não conhecem o Brasil. A ideia que elas têm, pelo que é publicado no jornal, é de que a Amazônia é um deserto. Nem as áreas desmatadas da Amazônia conseguem virar deserto, então isso é uma barbaridade. Mas, de qualquer maneira, nós precisamos buscar soluções para o desmatamento.

Então o problema existe.

Por que essas áreas sofrem desmatamento, retirada de madeira, retirada de animais e tráfico de animais para outros países? Porque são locais de difícil acesso e, ao mesmo tempo, locais que dão ganhos para quem está ali e explora ilicitamente. Então o que nós temos que fazer é buscar (soluções). Se quiser continuar a fazer a exploração, fazer uma simulação lícita, controlada pelo Ibama, controlada pelo Ministério da Agricultura, para que a gente não tenha prejuízo com a Amazônia. Temos que barrar definitivamente os ilícitos que acontecem na Amazônia. Hoje várias organizações criminosas estão se valendo da Amazônia para colocar droga dentro do Brasil, tirar madeira e colocar dentro do Brasil.

Como avalia a candidatura de Moro e a proximidade dele com generais?

É muito difícil comentar uma coisa que está no seu embrião. Moro está se arriscando na vida política, é um direito dele. Essa história de quem está chegando para ele, não sei. Isso tudo aí é motivo de especulação. Nada é confirmado, tudo é citado e fica chutado. Ninguém vai lá confirmar se é aquilo, se não é aquilo. Isso faz parte do jogo político. Infelizmente, o jogo político não é totalmente limpo, né? A gente sabe que não tem juiz no jogo político.

E Bolsonaro no PL?

Não está confirmado ainda, mas isso aí é o tipo de coisa que é uma decisão pessoal e intransferível do Bolsonaro, né? É decisão dele, que tem 30 anos de política, tem uma sensibilidade política muito grande e vai escolher o que achar melhor para ele. Ninguém tem que dar palpite nisso, isso é uma escolha muito pessoal, resultado de anos e anos de observação de viver nesse meio, de saber conhecer muito da vida de muitos que são políticos. Isso faz parte do jogo político.

A polarização em 2022 é inevitável?

Especulações políticas que acontecem ao longo do tempo são naturais, fazem parte do jogo democrático. Só que tem muita gente, sem qualquer apego à democracia, valendo-se do jogo democrático para colocar para fora uma série de opiniões que não são balizadas. É gente com a responsabilidade de fazer vigorar o que prega e não fez nada acontecer.

Por que o senhor diz isso?

Tenho muito medo de o Brasil voltar a cair nas mãos daqueles que não têm o Brasil, em momento algum, como o seu ponto de atenção; que têm como ponto de atenção eles próprios, que só prestam atenção naquilo que pode beneficiá-los. O que nós precisamos — e para isso existe a democracia — é, por meio do voto, colocar esse pessoal no seu lugar. Temos que acreditar na democracia, inclusive na alternância de poder. Mas nós precisamos expurgar da política brasileira aqueles que já mostraram que não são aptos a tratar de um país com a grandiosidade do Brasil.

Correio Brasiliense