Parte do PDT vai ignorar direção e votará pró-calote nos Precatórios
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
A bancada do PDT decidiu, na noite de segunda-feira, mudar de posição e votar contra a proposta de emenda constitucional (PEC) dos Precatórios, que continuará a ser analisada pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira, mas nem todos os parlamentares devem seguir essa orientação, segundo pedetistas.
Dos 15 votos a favor, seis tendem a repetir o apoio à PEC. Dos 15, três já são considerados “fora do partido”, por votarem sistematicamente com o governo Bolsonaro e, na avaliação dos pedetistas, estarem apenas aguardando a janela partidária em abril para trocarem de legenda. É o caso de Marlon Santos (PDT-RS) e Fábio Henrique (PDT-SE).
Dos 12 que sobram, de “dois a três disseram que não têm condições de mudar de voto”, segundo o deputado Mário Heringer (PDT-MG), anfitrião do jantar onde parte da bancada discutiu a mudança de posição. “Fizemos uma avaliação para além do texto da PEC, uma avaliação política de que é importante construirmos uma candidatura presidencial”, disse.
Para aprovar uma PEC (e rejeitar as emendas supressivas à proposta), o governo precisa do apoio de 308 dos 513 deputados. No primeiro turno, foram 312 votos a favor – dos quais 15 do PDT e nove no PSB, ambos partidos de oposição.
O pré-candidato do partido, Ciro Gomes, se manifestou pelo Twitter logo após a aprovação do texto-base da PEC em primeiro turno e disse que o apoio do PDT foi uma “surpresa fortemente negativa” e que deixava sua pré-candidatura “em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição” para o segundo turno de votação da proposta.
“Justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verbas, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional”, escreveu Ciro na rede social.
A direção do partido começou a pressionar os deputados a votarem contra a PEC, apesar do acordo negociado entre os deputados André Figueiredo (PDT-CE) e Wolney Queiroz (PDT-PE) com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para aprovar a proposta em troca da prioridade de pagamento dos precatórios (dívidas judiciais) do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef).
Ao longo do dia, pedetistas diziam, nos bastidores, que não mudariam de posição porque isso os deixaria sem credibilidade na Câmara para fechar acordos, mas dentro do próprio partido e da bancada outros parlamentares os acusavam de ter trocado o apoio à PEC por dinheiro do orçamento para suas bases eleitorais, de olho na eleição de 2022. À noite, Wolney anunciou que parte da bancada que votou a favor do projeto tinha reavaliado, “por maioria”, e que o encaminhamento seria pela rejeição.
O diretório nacional do partido se reunirá nesta terça-feira, às 12h, para decidir se pune os deputados que votarem a favor da PEC.
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