Bolsonaro quer aumentar novo Bolsa Família para R$ 600
Foto: Reprodução
Se a elevação de 1,5 ponto percentual na taxa Selic não surpreendeu, a sinalização de que outra alta semelhante venha a se repetir na próxima reunião do Copom, em fevereiro de 2022, frustrou as expectativas governistas. Com um juro de quase 11% estariam inviabilizadas as expectativas de retomada do crescimento e do emprego no ano eleitoral.
Como o presidente da República, desde a aprovação da autonomia do Banco Central, em fevereiro, não pode mais mexer na diretoria da autarquia como o faz na Polícia Federal resta-lhe atacar com as armas que tem, as políticas assistencialistas.
Não são capazes de fazer o Brasil crescer nem gerar emprego, mas podem evitar que o ano eleitoral seja tomado pelo alastramento da fome e de suas consequências mais desestabilizadoras, como os saques. Devolve para a pirâmide da sociedade uma parte daquilo que o juro alto concentra no seu topo.
O dia seguinte ao Copom já amanheceu com expectativas crescentes, no Congresso e no mercado financeiro, de que a sinalização do Banco Central pode levar o presidente, ao longo de 2022, a elevar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 ou mesmo a aumentar a base de beneficiários, que hoje é de 14,6 milhões para até 20 milhões.
Tanto esta MP que cria o Auxílio Brasil de R$ 400 quanto a PEC dos Precatórios já dão guarida a essa expansão. O texto da MP restringe o pagamento do benefício a dezembro de 2021, mas já estabelece o valor de R$ 400 como seu piso. Isso poderia quase triplicar o custo atual do Bolsa Família que hoje é de R$ 35 bilhões.
O colchão anti-miséria é tão imperativo para o presidente-candidato, quanto o aperto monetário parece ser para o Copom em sua investida contra a inflação. A previsão hoje é que a inflação ultrapasse os 10% no ano de 2021, coisa que não acontecia desde 2015.
E como aqueles que hoje estão no Banco Central acreditam que a inflação sobe porque mais dinheiro circula entre os mais pobres, a consequência disso pode ser uma nova elevação dos juros que levaria o presidente-candidato a pressionar por mais dinheiro nos programas sociais já que emprego que é bom não vai aparecer.
Nem tampouco vai ter investidor querendo colocar dinheiro num país com uma trajetória semelhante na dívida pública num ano eleitoral em que haverá de tudo menos compromisso com austeridade. Tem gente achando que a dívida pública voltaria ao patamar de antes da adoção do teto de gastos. Ou seja, não apenas é o cachorro correndo atrás do próprio rabo como os dois o cachorro e o rabo, ou seja, o país cavando seu caminho rumo ao despenhadeiro.
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