Bolsonaro tem três vezes mais reprovação que Dilma e FHC

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Foto: Evaristo Sa-22.ou.21/AFP

A estabilidade relativa nos índices de avaliação do presidente Jair Bolsonaro (PL) em patamar de reprovação próximo a 50% nos últimos quatro meses pode indicar teto de rejeição ao seu governo, caso não ocorra daqui para frente algum importante fato de apelo junto à opinião pública.

Entre as mulheres, a oscilação negativa de três pontos percentuais nas taxas de ruim ou péssimo freia a escalada de sua reprovação, já que o segmento corresponde a 52% dos brasileiros.

A retomada da dinâmica social e econômica, reflexo do avanço da vacinação contra Covid, somada à injeção de recursos sazonais na economia, como o décimo terceiro salário e benefícios sociais, que estimulam o comércio, aliviam a pressão sobre a imagem do presidente.

O ambiente alivia, mas não anula o fiasco histórico da gestão —Bolsonaro completa três anos de governo como o presidente pior avaliado em período equivalente de mandato.

Tem aproximadamente o triplo da reprovação que Dilma (PT) e FHC (PSDB) apresentavam no ano anterior à reeleição e quase o dobro da que Lula (PT) marcava com o mesmo tempo no cargo.

Claro que os ex-presidentes não apresentam uma pandemia no currículo, mas os cenários passavam longe do céu de brigadeiro.

Dilma, em dezembro de 2013, vinha lentamente se recuperando de uma queda histórica de popularidade em razão da catarse generalizada que tomou conta das ruas depois dos protestos que eclodiram em junho daquele ano.

Fernando Henrique, em dezembro de 1997, enfrentava os reflexos da crise financeira asiática e procurava sair ileso das denúncias de compra dos votos para a emenda da reeleição. E Lula, no final de 2005 conhecia seu maior índice de rejeição no cargo, provocado pelas revelações do escândalo do mensalão.

Bolsonaro, pelo conjunto da obra (ou falta dele) conseguiu superar o infortúnio de seus antecessores.

Não há variável de maior correlação com a ineficiência do Estado do que a morte de seus cidadãos, como prova ranking elaborado por Folha e Datafolha em 2018, o REE-F. As mais de 600 mil vítimas da Covid no Brasil compõem um mosaico dramático que resume a ineficácia de sua gestão.

Pelos resultados das últimas pesquisas do Datafolha, a pandemia escancarou aos olhos da opinião pública a inadequação do presidente ao cargo, afastando boa parte dos que o elegeram em 2018 –a maioria dos brasileiros passou a associar atributos negativos à sua imagem.

Conquistou por um tempo o apoio de setores mais vulneráveis da população, por conta do pagamento do auxílio emergencial com valores mais altos do que de outros benefícios sociais, mas o sucesso de sua criatura, que substitui o Bolsa Família daqui para frente, é incerto, carecendo ainda de comunicação eficaz para associá-lo diretamente ao atual governo e apagar, ao menos em parte, a ampla atribuição do benefício aos governos petistas.

No levantamento atual, percebe-se que a popularidade de Bolsonaro entre os que recebiam o Bolsa Família é seis pontos inferior à observada entre os que não tinham o benefício, contraste que não se verifica em relação aos que já acessaram recursos do Auxílio Brasil.

O dado sugere descompasso entre os programas, que se não corrigido, pode fomentar ainda mais a reprovação do governo em segmentos com participação de peso na composição do eleitorado.

Não à toa, os brasileiros de menor renda são os que mais citam Bolsonaro como o pior presidente que o Brasil já teve e são os que mais elegem Lula (PT) como o melhor ocupante do cargo até hoje.

Para o próximo ano, caso uma nova onda de Covid não ocorra, os fatores que se projetam com maior peso na opinião pública para a avaliação do governo federal tendem a se correlacionar com soluções para problemas agravados pela pandemia.

Ao lado da saúde, inflação, desemprego, combate à fome, a reintegração de jovens à escola e das mulheres ao mercado de trabalho compõem agenda fundamental. A resposta ou a omissão de Bolsonaro a essas questões determinará não só seu futuro político como também seu lugar na história.

Folha de S. Paulo

 

 

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