Em entrevista, Doria insinua que não cederá cabeça de chapa a Moro

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Foto: Guito Moreto / Agência O Globo

Os pré-candidatos de centro que pretendem disputar as eleições presidenciais de 2022 precisam evitar ataques entre si para não favorecerem o “pesadelo” de uma disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A opinião é do governador de São Paulo, João Doria, vencedor das prévias do PSDB que escolheram o nome tucano para a disputa. Em entrevista ao GLOBO, ele diz que a definição sobre candidatura única de centro deve ficar para abril e que, em sua opinião, ela não deve ser baseada apenas nas pesquisas eleitorais. Segundo levantamento do Ipec, em setembro, o paulista aparece com 2%, e Moro com 5% — a margem de erro é de dois pontos percentuais.

O senhor se reuniu com Sergio Moro na quarta-feira. Como vai ser a construção para uma unidade da terceira via?

Vai exigir paciência e resiliência. Isso (possibilidade de composição de chapas) sequer foi colocado na conversa com o Moro. Esse assunto só passará a ser cristalizado em abril e, provavelmente, vai invadir maio também. Qualquer decisão ou tentativa de precipitar uma decisão será fracassada. Mas não impede que o diálogo seja fortalecido. Nós não devemos nos atacar, nós temos que nos proteger. Aqueles que estão dentro desse campo devem evitar ataques entre si, porque senão nós nos autodestruiremos.

Qual seria o critério para definir quem encabeçaria essa terceira via?

A meu ver, não será apenas a pontuação da pesquisa. Se a definição de pesquisa e popularidade fossem suficientes, talvez escolhêssemos alguém completamente fora da política, do mundo da televisão, do mundo das artes. Mas essa pessoa teria condições de fazer o enfrentamento em uma campanha com Lula e Bolsonaro? Vamos ter as mais sujas e sórdidas campanhas da História. A Justiça Eleitoral não terá capacidade de conter isso. E, se vencer, essa pessoa de alta popularidade terá capacidade de administrar o Brasil? De gerenciar um país arrasado pelo bolsonarismo?

O senhor acha que podemos ter um centro dividido na eleição?

Creio que não. O exemplo de 2018 serve de referência e vai refrescar a memória, porque é muito próximo e foi um desastre. E o desastre foi um segundo turno em que tínhamos contra Lula e contra a esquerda um único personagem, despreparado.

Em entrevista ao GLOBO, o governador Eduardo Leite manifestou preocupação com os rumos que o partido vai tomar com o senhor como pré-candidato. Quais são esses rumos?

O PSDB tem que seguir o seu caminho naturalmente. Eu sempre fiz a defesa de que o PSDB seria um partido sem dono. Uma das essências do PSDB é essa, com as suas qualidades e com os seus defeitos. Eu não defendo depuração do partido, o que defendo é que o partido tenha posição, seja um partido de oposição a Bolsonaro.

Os deputados tucanos que apoiam Bolsonaro devem sair na janela partidária de março?

Não. Entendo que eles devem fazer uma reflexão sobre o futuro. Os que foram a favor de pautas bolsonaristas até aqui, ok, mas daqui para frente temos uma eleição para enfrentar. Não é razoável que tenham parlamentares do PSDB, que vai enfrentar duas candidaturas de extrema — extrema-esquerda com Lula e extrema-direita com Bolsonaro —, com pautas ou bolsonaristas ou lulistas.

Mas o que de forma prática o senhor pode fazer para ter um PSDB fortalecido na eleição?

Primeiro, dialogar e tentar dar sinais pacificadores, que é o que eu tenho feito. No meu discurso, fiz um elogio que foi sincero e bastante intenso ao Arthur Virgílio e ao Eduardo Leite. Estamos todos juntos, sem arrogância, sem supremacia, sem dizer que agora sou vitorioso, logo sou dono da bola e determino, mando e comando. Não, é exatamente o oposto. Orientem, participem, nos ajudem a melhorar e aprimorar. Essa sinalização vai ajudar a fazer com que aquele clima, às vezes um pouco tenso, de quem não venceu, se aquiete.

O que pensa da possibilidade de Geraldo Alckmin ser vice do Lula?

Eu respeito, mas lamento. Respeito pela trajetória do Geraldo Alckmin, que defendeu a democracia, fundou o PSDB e, durante 32 anos, o PSDB fez oposição ao PT. Histórica, aliás. E agora se associar ao PT e ainda com a perspectiva de ser o vice do Lula? Lamento muito se essa for a opção dele. Estarei numa posição antagônica, e eu serei fortemente combativo a Lula e a Bolsonaro.

De concreto, o que o senhor faria, caso eleito, para conter a inflação?

Primeiro, não romper teto de gastos. Segundo, ter responsabilidade fiscal. Terceiro, fazer as reformas administrativa e fiscal imediatamente para garantir ao Estado a capacidade financeira para suportar os programas públicos de saúde, de educação, de segurança, de proteção ambiental, de redução da pobreza. E desestatizar, o mais rapidamente possível. Diminuir o tamanho do Estado. E ter uma relação altiva, respeitosa, mas independente entre os Poderes. Jamais fazer como fez Bolsonaro. Quem manda no orçamento hoje é o presidente da Câmara.

O Globo

 

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