França ia retirar candidatura, mas operação impede

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Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

O PSB decidiu manter a pré-candidatura de Márcio França ao governo de São Paulo para tentar minimizar o desgaste político do ex-governador. França negociava com o PT um acordo, com a retirada de sua pré-candidatura e o apoio ao petista Fernando Haddad. No entanto, depois que o ex-governador se tornou alvo de uma operação da Polícia Civil de São Paulo, na semana passada, o partido adiou as conversas com os petistas e deve reforçar a pré-candidatura de França.

Na avaliação feita por aliados do ex-governador, se França desistisse agora ou nas próximas semanas, seria como confirmar as suspeitas levantadas pela Polícia Civil contra ele. O presidente do PSB estadual de São Paulo, Jonas Donizette, disse que a pré-candidatura do ex-governador “vai até o fim”. “Foi um acontecimento lamentável, mas não vejo mudança de rumo”, disse Donizette, ex-prefeito de Campinas. “Não vamos recuar da [pré] candidatura de França. O PSB continua firme com ele”.

Em dezembro, antes da operação, as conversas entre PT e PSB se intensificaram. Dirigentes do PSB se reuniram com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com Haddad e, segundo relatos, o partido não descartou apoiar o pré-candidato petista em São Paulo. A avaliação é que o ex-prefeito é um nome forte, com uma candidatura consistente e com chances de vitória.

O PT ofereceu ao PSB duas vagas na chapa de Haddad: a vice e o Senado. A vice poderia ser ocupada por Jonas Donizette e a vaga para o Senado, por França. O presidente do PSB paulista disse já ter se lançado como pré-candidato a deputado federal, mas não descartou a eventual “missão” como vice, se esse for o acordo aprovado com os petistas.

Um aliado de França que se reuniu recentemente com petistas resumiu as conversas: “Até um dia antes da operação policial, França poderia retirar a [pré] candidatura e apoiar Haddad. Agora, o cenário mudou.”

Policiais apuram desvios na área da saúde no governo paulista. O ex-governador e o irmão dele, Claudio França, estão entre os investigados. O inquérito tramita sob segredo de justiça e ainda há dúvidas se algo poderá respingar em França. O ex-governador classificou a ação como “política” e disse que está relacionada com as eleições, para tentar prejudicá-lo. Sem citar diretamente o governador do Estado, João Doria (PSDB), França disse que “o medo bate à porta de quem tem calça apertada e coração intranquilo”, em referência ao tucano. O governador não respondeu à menção. Doria e França são adversários políticos e disputaram o segundo turno em 2018.

Lideranças do PSB, PT e PDT como Lula, Haddad e o pré-candidato presidencial Ciro Gomes defenderam França, criticaram a “espetacularização” da ação policial e reforçaram a necessidade de garantir a presunção da inocência.

O presidente do PSB paulista também questionou a operação. “É no mínimo muito estranho que tudo isso aconteça nos primeiros dias do ano eleitoral, com o Judiciário e o Ministério Público em recesso”, disse Donizette.

A operação policial, deflagrada na quarta-feira, deve alterar os rumos e prazos das negociações entre PSB e PT não só em São Paulo, mas também no plano nacional. A manutenção da pré-candidatura de França pode tornar-se um novo empecilho para a aliança dos dois partidos para disputar a Presidência e para formar uma federação.

Nas negociações em curso, o PSB prevê filiar o ex-governador Geraldo Alckmin à legenda para indicá-lo como vice na chapa presidencial de Lula, e exige o apoio do PT em cinco Estados. Um dos principais entraves é justamente São Paulo, onde o PSB insiste em lançar França e quer que o PT desista. Já o PT reforça a pré-candidatura de Haddad e tenta atrair o PSB.

No fim do ano passado, PSB e PT combinaram de fazer pesquisas de intenção de voto entre fevereiro e março em São Paulo para ver qual candidato terá mais chance eleitoral, tanto no primeiro turno como no segundo turno. Com isso, poderão definir se será possível fazer uma aliança e ter um candidato único. Agora, o desfecho do acordo em São Paulo tende a ficar para depois de março, segundo o PSB.

O comando do PT paulista diz que não vai recuar da candidatura de Haddad e tenta fazer com que França apoie o petista. No caso de uma eventual desidratação política do ex-governador, o PT avalia que terá mais chance de convencer o PSB. No cenário atual, Haddad lidera com 28% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha de dezembro. França está em segundo, com 19%, seguido por Guilherme Boulos (Psol), com 11%.

Petistas avaliam que é importante ter um palanque forte do partido no Estado para Lula, por ser o maior colégio eleitoral do país. O PT analisa também que se não tiver candidato próprio, os votos petistas podem ir para Boulos.

No plano nacional, França é também o principal articulador de aliança entre Alckmin e Lula. Partiu do ex-governador a proposta de filiar Alckmin ao PSB e indicá-lo para a vice do petista. Dirigentes do PT e PSB avaliam que um eventual desgaste de França não deve afetar a articulação para filiar Alckmin.

O ex-tucano tem conversado com outros partidos, como PV e Solidariedade, mas a negociação está mais avançada com o PSB. Agora, a filiação só depende do ex-governador, que deve decidir em março, perto do prazo final de filiação para disputar neste ano, em 2 de abril.

Valor Econômico  

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