Como previsto, Centrão rifa Bolsonaro

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é o principal aliado do presidente Jair Bolsonaro no Congresso? É o que se dizia, mas a verdade é que Lira já abandonou Bolsonaro.

Simples assim: desde que o presidente da República empacou nas pesquisas eleitorais, o chefão do centrão na Câmara decidiu jogar o seu próprio jogo. Bolsonaro, se quiser, que venha atrás.

E Lira ainda manda recados pelos jornais.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, disse que já passou do tempo de Bolsonaro tomar vacina contra a covid; que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem que se submeter hierarquicamente ao ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (que, por sinal é do mesmo partido, o PP, de Arthur Lira); e que a reforma tributária só será votada depois das eleições, ou seja, quando quando o Congresso souber quem será o próximo mandatário do Palácio do Planalto.

Bolsonaro é página virada.

Tanto que, ao elencar os projetos prioritários para votação na Câmara, Lira citou a PEC para acabar com os terrenos de Marinha, a legalização dos jogos de azar e o projeto para criminalizar a propagação de “fake news”. São pautas de interesse dos partidos do centrão. Não estão entre as prioridades os temas caros ao bolsonarismo, como as pautas de costumes.

A equipe econômica é tratada por Arthur Lira como, digamos assim, um grupo de consultores.

Os auxiliares do ministro Paulo Guedes fazem as contas e cabe a Arthur Lira e os seus seguidores na Câmara decidirem o que vale e o que não vale dessas contas.

Hoje não vale nada o velho Posto Ipiranga -que antes e no início do governo Bolsonaro anunciou como sendo a maior autoridade de sua administração.

Arthur Lira só tem um problema com que se preocupar: o Senado e o presidente da Casa vizinha, Rodrigo Pacheco (MG), cujo partido arrasta a asa para o ex-presidente Lula, primeiro colocado nas pesquisas eleitorais.

Pacheco é pré-candidato a presidente da República, mas tem tudo para acabar candidato à reeleição para o comando da Casa com o apoio de Lula e do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Na Câmara, se Lula for reeleito, Lira terá que fazer das tripas coração para ganhar o apoio dos partidos de esquerda e do tal centro democrático (PSD, PSDB, DEM, Cidadania e PSL), que estará mais interessado numa aliança com o governante de plantão.

Muito difícil. Mas ele começa a largar o barco que ameaça afundar. Quem sabe não recebe uma boia do futuro governo?

Uol