Economistas ligados a Lula descartam “agrados” a banqueiros

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Foto: Sérgio Silva/Fundação Perseu Abramo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não apontou um nome que dará o tom da política econômica a ser desenvolvida em um eventual governo. O petista, no entanto, já tem um grupo com cerca de 90 pessoas para auxiliar no desenho de uma proposta que ainda deve passar por negociações com partidos da aliança em torno da candidatura do ex-presidente ao Planalto.

Sob a coordenação de Guilherme Mello, que já comandou a campanha do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad à Presidência da República, em 2018, o grupo conta com a participação de ex-ministros, tanto de Lula como da ex-presidente Dilma Rousseff.

Em conversa com o Metrópoles, Mello ressaltou o quanto a ideia do teto de gastos é ultrapassada, em sua visão, no sentido de garantir um equilíbrio fiscal e desenvolvimento econômico e social para o país.

Nesse contexto, dificilmente Lula repetirá o movimento de “acalmar o marcado” com uma reedição da Carta ao Povo Brasileiro, editada em 2002, em plena campanha, que o levou ao poder, com apoio da elite financeira do país.

“A nossa preocupação não é agradar ou desagradar o mercado financeiro. Não falo pelo Lula, mas estou pensando no debate dos economistas do partido e ligados à Fundação Perseu Abramo“, disse Mello, referindo-se ao espaço de formulação do PT, que abriga o núcleo.

“Nossa preocupação é construir propostas alternativas que possam ser úteis e importantes para um novo modelo de desenvolvimento e que dialogue com o que há de melhor e mais atual sendo discutido no mundo, que dialoguem com as necessidades do Brasil, com a realidade do país, onde o povo está passando fome. A gente não está preocupado com uma proposta que agrade ou desagrade a Faria Lima”, destacou, com a denominação usualmente destinada às grandes instituições financeiras.

Em vigor desde 2017, o teto de gastos foi proposto em 2016 pelo então presidente Michel Temer, quando a área econômica era chefiada por Henrique Meirelles. A mudança na Constituição foi aprovada pelo Congresso e estabelece um limite para gastos públicos com base na inflação.

No ano passado, o tema voltou à pauta quando o governo de Jair Bolsonaro propôs alterar as regras, parcelando precatórios, por exemplo, como forma de tentar abrir espaço para novas despesas, entre elas, o pagamento do programa social do governo, o Auxílio Brasil, criado em 2021.

O Congresso aprovou a alteração na forma de cálculo do teto, o que para muitos economistas significou uma forma de furar o limite de despesas.

Segundo Mello, entre os economistas ligados ao PT, já existe um consenso de que o atual arcabouço fiscal brasileiro é inadequado para as necessidades do país.

“A realidade mostra que reduzir o investimento se tornou inadequado, na verdade, você tem que recuperar a capacidade de o país crescer, gerar emprego formalizado para seus trabalhadores, gerar receitas. Aí você consegue, a partir desse movimento, encontrar formas, com investimentos corretos e de boa qualidade, com alto impacto na geração de emprego e renda com efeito multiplicado”, observou.

“Desta forma é que se conseguirá encontrar um equilíbrio fiscal mais adequado que combine estabilização da dívida pública e, até mesmo, redução de dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), com crescimento econômico, geração de emprego, distribuição de renda. Foi o que aconteceu no período do Lula. Agora, para isso, tem que ativar o circuito de investimento público”, recomendou Mello.

“Vamos lembrar que nos governos do PT, a dívida pública saiu de 60% e caiu para 32% do PIB”, enfatizou.

Fazem parte do núcleo de discussão nomes como Aloísio Mercadante, atual presidente da Fundação Perseu Abramo, a dupla que conduziu a política econômica petista nos governos passados, Guido Mantega e Nelson Barbosa, além de Luiz Gonzaga Belluzzo e Marcio Pochmann, que presidiu o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) no governo petista.

Guilherme rechaça, no entanto, a ideia de que há resistência do mercado à candidatura do ex-presidente e aponta que existe um consenso sobre a necessidade de retomada do investimento público.

“Obviamente, quem poderia responder o que esperar de um futuro governo do Lula é o próprio Lula. Até porque é ele que vai ser o novo presidente e vai comandar um movimento político, uma coalisão política ampla para que tenha sustentação. Agora, o que eu posso dizer é que há também um consenso, um acordo generalizado sobre a necessidade de recuperação do investimento público e do papel do Estado como indutor do crescimento”, apostou.

“Se o mercado financeiro tiver um pouco de memória, vai lembrar o quanto ganhou no governo de Lula”, enfatizou.

Metrópoles  

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