PT vê redes sociais como grande arena de combate

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Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

Ao mesmo tempo em que sinaliza para o centro do espectro político, com grande possibilidade de o ex-tucano Geraldo Alckmin (sem partido) ocupar a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT inicia estratégia de reconexão com as bases. O plano envolve uma plataforma específica na internet e um sistema de alimentação “de argumentos” com linguagens regionalizadas via WhastApp e Telegram.

O partido montou uma espécie de quartel general de conteúdo no terceiro andar da sede do PT, em Brasília. A ideia dos dirigentes é criar um “exército” orgânico de eleitores, reunidos em moradias, associações, locais de trabalho ou em redes sociais, a postos para rebater rapidamente o que classificam como “bombardeio de fake news” contra a pré-candidatura de Lula.

“Os Comitês Populares de Luta serão um meio de organizarmos a militância e mantermos contato direto, repassando informações e orientações”, diz a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. “Teremos uma plataforma digital para organizar os núcleos. Vamos também fazer formação para organizadores desses núcleos”, complementa.

O distanciamento gradativo da base ao longo dos governos petistas, já reconhecido pelo próprio ex-presidente Lula em mais de uma ocasião, ganhou reverberação a partir do famoso discurso do rapper Mano Brown na reta final da campanha presidencial de 2018.

Ao lado do então candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, em comício no Rio de Janeiro, o artista falou sobre a perda de conexão da legenda com o povo. Um mês depois da derrota do PT, em carta enviada da prisão, em Curitiba, ao diretório nacional da sigla, Lula admitiu a falha.

O partido elaborou uma cartilha com o objetivo de instruir filiados e não filiados a montar comitês a partir de multiplicadores. No ato do cadastramento digital, é solicitado que cada pessoa indique outras três para receberem materiais e orientações por meio de aplicativos ou e-mail.

O secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, aponta que o partido já iniciou a capacitação dos militantes. “Cada celular é um comitê. Vamos dar a linha política e fazer a distribuição de conteúdo de maneira orgânica. Os comitês podem ser estruturados em qualquer lugar”, diz.

Com a perda de terreno nas redes sociais para o bolsonarismo, uma das estratégias petistas é fornecer informações que sirvam de argumentos para embates locais. “Uma coisa é a gente falar nacionalmente, outra coisa é a disputa política localizada”, avalia Tatto. “Queremos instrumentalizar a pessoa que é petista, que tem um debate ali com o dono da farmácia, do mercadinho, para municiar com argumentos rápidos e de fácil compreensão”, explicou.

O segmento evangélico, que representa aproximadamente 30% do eleitorado brasileiro, também é alvo da investida do partido. O PT vai produzir programas de até 30 minutos no canal da sigla no YouTube. O ex-presidente Lula tem se encontrado com pastores evangélicos. Existe a intenção de instalar núcleos com grupos de religiosos nos Estados para repassar as mensagens do partido.

Valor Econômico