
Trump adota discurso ultrarradical e pode se complicar
Foto: Brendan Smialowski/AFP
O apelo de Donald Trump em um comício no Texas para que seus apoiadores preparem protestos maciços contra “promotores radicais, cruéis e racistas” pode constituir obstrução de justiça e pode prejudicar o ex-presidente de maneira legal, dizem ex-promotores federais.
A fala de Trump, que instiga seus seguidores a lançar as “maiores manifestações de todos os tempos” em três cidades caso os promotores façam algo “errado ou ilegal”, foi feita durante um comício em 30 de janeiro.
E está sendo encarada como uma crítica às investigações federais e estaduais contra o ex-presidente, que afirma ter havido fraude eleitoral nas eleições de 2020.
Especialistas jurídicos ficaram surpresos ainda com a fala do republicano de que perdoaria os envolvidos no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro caso vença a corrida eleitoral de 2024.
O ex-conselheiro da Casa Branca durante o governo de Richard Nixon, John Dean, atacou o discurso de Trump e classificou sua fala como “coisa de ditador”, afirmando que “o fracasso em confrontar um tirano apenas encoraja o mau comportamento”.
Promotores veteranos apontam que os comentários feitos durante o comício parecem revelar que o ex-presidente está mais assustado com o avanço das investigações em Atlanta, Washington e Nova York.
Segundo eles, sua ansiedade era nítida quando pediu a seus apoiadores que realizassem atos a seu favor caso alguma acusação seja feita, soando como um pedido de ajuda que poderia causar mais problemas a ele.
“A intenção criminosa pode ser difícil de provar, mas quando um réu em potencial diz algo facilmente visto como intimidatório ou ameaçador para aqueles que investigam o caso, fica mais fácil”, disse o ex-promotor federal, Dennis Aftergut, ao jornal The Guardian.
Aftergut acrescentou que, ao proclamar apoio aos insurgentes de 6 de janeiro, Trump prova sua ligação com o ato.
Já para o ex-procurador dos Estados Unidos, Michael Moore, os comentários do republicano podem “potencialmente intimidar testemunhas e membros de um grande júri”, afirmando que impedir alguém de testemunhar perante um júri é crime no estado da Geórgia.
“Ele está pedindo justiça vigilante contra o sistema judicial. Ele não quer justiça de verdade, mas sim bloquear qualquer investigação”, diz Moore.
A explosão de raiva de Trump ocorre no momento em que as investigações nessas três cidades ganharam força em janeiro.
Em Atlanta, por exemplo, um grande júri está em formação para analisar a ligação do ex-presidente ao secretário de Estado da Geórgia, em 2 de janeiro, pedindo para que ele “encontrasse” votos suficientes para bloquear a vitória de Joe Biden.
A promotora do condado de Fulton, que está liderando o inquérito no estado, pediu ao FBI que compilasse uma avaliação de ameaças para proteger seu escritório e o grande júri, que deve se formar em maio.
Também em janeiro, um funcionário do Departamento de Justiça revelou que está em investigação uma série de falsas certificações eleitorais declarando Trump vencedor em vários estados.
O esquema teria sido supostamente criado por seu advogado, Rudolph Giuliani, para pressionar o então vice-presidente, Mike Pence, a impedir a vitória do democrata no Congresso.
Além disso, o procurador-geral de Nova York anunciou que os investigadores encontraram um documento que mostra evidências de que o negócio imobiliário de Trump contém avaliações fraudulentas ou enganosas para obter empréstimos e benefícios fiscais.
Ex-promotores afirmam que as falas do ex-presidente podem servir como uma motivação a mais para os atuais promotores, principalmente na Geórgia, onde as chances dele enfrentar novos problemas legais são altas.
Além disso, a co-presidente do painel da Câmara que investiga o ataque ao Capitólio, Liz Cheney, afirmou que a conversa de Trump sobre indultos e encorajamento de novos protestos sugere que ele faria tudo de novo se tivesse a chance.
Aftergut disse ainda que os comentários feitos no comício podem ajudar os promotores do Departamento de Justiça a expandir sua investigação.
“Trump deu aos promotores federais outro presente quando disse que Mike Pence deveria ter anulado a eleição”, disse, concluindo que os últimos ataques reforçam o nervosismo do republicano à medida que as investigações avançam.
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