Alckmin atuará como cabo eleitoral de Haddad em São Paulo

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Foto: Paulo Whitaker/Reuters

Mesmo antes do lançamento da pré-candidatura, previsto para 1º de maio, já circulam nos bastidores os nomes que deverão compor a futura coordenação de campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), será a coordenadora-geral, enquanto o presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Aloizio Mercadante, é o mais cotado para coordenar o programa de governo. O tesoureiro deve ser o ex-deputado Márcio Macêdo (SE).

Provável candidato a vice-presidente na chapa petista, o ex-governador Geraldo Alckmin – que se filia ao PSB no próximo dia 23 – terá um papel relevante no núcleo decisório. “Ele não será decorativo”, adiantou ao Valor um petista que participa dessas articulações.

Segundo esta fonte, o papel de Alckmin será mais “político do que eleitoral”. Espera-se do ex-tucano uma atuação como cabo eleitoral de Fernando Haddad na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Sua principal função, entretanto, será de atração de outras forças políticas para levar o projeto ao centro.

Além de Gleisi e Mercadante, outros nomes dados como certos na futura coordenação de campanha são quadros da velha guarda lulista, como os ex-ministros Luiz Dulci, que deverá cuidar da agenda do candidato; Franklin Martins, que coordenará a comunicação; o diretor do Instituto Lula, Paulo Okamotto; e o senador Jaques Wagner (PT-BA).

O nome de Gleisi para a coordenação-geral surge dentro da tradição do partido de que essa função seja desempenhada pelo presidente da legenda. Isso só não ocorreu na campanha de 1989, quando o próprio Lula era presidente do PT.

O nome de Mercadante vem ganhando força para conduzir o programa de governo pela atuação do ex-ministro como presidente da FPA e coordenador dos núcleos de acompanhamento das políticas públicas.

Ele coordenou o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil, lançado em 2020 pelo PT, que serviu de base para o texto preliminar do programa, que está sendo submetido ao crivo dos partidos aliados.

Fundador do PT, Mercadante acompanha Lula desde as primeiras campanhas presidenciais, inclusive como coordenador. Em 1994, ocupou a vaga de vice do petista. Em 2002, eleito senador por São Paulo, era cotado para o Ministério da Fazenda, pasta que ao fim coube ao então coordenador do programa de governo, Antonio Palocci.

Mercadante se tornaria ministro na gestão Dilma Rousseff, quando comandou três pastas: Ciência e Tecnologia, Educação e Casa Civil. Na crise de 2016, foi substituído por Jaques Wagner na Casa Civil, mas nem o baiano, que ganhou fama de hábil articulador, conseguiu reverter o impeachment de Dilma.

Um interlocutor frequente de Lula registra que Mercadante tem sido um dos mais atuantes na pré-campanha lulista. Tem coordenado os debates temáticos (economia, saúde, infraestrutura) na fundação, dos quais Lula participa. Acompanha o petista nas viagens internacionais, e participa das reuniões semanais de estratégia. Por isso, segundo esta fonte, tem sido lembrado para coordenar o programa de governo.

Nome mais recente no entorno lulista, o ex-deputado Márcio Macêdo aparece como favorito para assumir a função de tesoureiro da campanha. Macêdo foi secretário de Finanças do PT na gestão do ex-presidente Rui Falcão. Em 2017 e 2018, aproximou-se do ex-presidente ao se tornar coordenador das caravanas lulistas pelo país.

No entanto, com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última quinta-feira, que cassou o mandato do deputado Valdevan Noventa (PL), Macêdo poderá assumir uma vaga na Câmara como o primeiro suplente da coligação.

Nesta hipótese, segundo um petista que participa das reuniões da pré-campanha, Macêdo teria de optar entre o cargo na coordenação e a eventual reeleição para deputado federal. Outro nome lembrado para a função é o da atual secretária de Finanças do PT, Gleide Andrade.

O desenho da coordenação ainda está sendo esboçado, mas o indicativo é que Lula teria dois grupos principais de conselheiros. Um núcleo mais restrito, formado por esses seis ou sete nomes, que atuaria como o grupo de apoio do candidato “24 horas por dia”.

O segundo núcleo, mais amplo, atuaria como um foro de aconselhamento político, que agregaria mais nomes do PT, além de Geraldo Alckmin, e representantes da coalizão de partidos que marchará com Lula.

São nomes praticamente confirmados na coligação nacional: PCdoB e PV, que integram a federação com o PT, PSB, Solidariedade, e PSOL e Rede, que também se uniram em uma federação. Até o registro oficial da candidatura, em meados de agosto, Lula ainda tem expectativa de atrair o PSD de Gilberto Kassab. Lula tem conduzido reuniões semanais, geralmente às sextas-feiras, com um grupo de cerca de 20 petistas, para alinhavar as estratégias da pré-campanha.

Valor Econômico