Bolsonaro é aconselhado a ser discreto sobre aniversário do golpe
Generais do entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL) têm defendido um tom mais moderado nos discursos do próximo 31 de março, data que marca os 58 anos da instauração da ditadura militar no Brasil. Será o último aniversário do golpe na atual gestão do presidente.
De acordo com um general ouvido pelo Painel, não há intenção de repetir, em ano eleitoral, o discurso que vigorou até o último 7 de setembro, quando o presidente ameaçou não cumprir ordens de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em um carro de som, acompanhado de ministros militares.
Há uma atenção em não dar munição aos adversários, principalmente à esquerda e ao PT.
Um ministro militar afirma não é o momento de discursos mais contundentes sobre o assunto. E acrescenta que quando Bolsonaro fala na data de 31 de março atualmente, refere-se ao prazo para a desincompatibilização de ministros que vão disputar a eleição e definição de substitutos, uma das suas principais preocupações no momento.
Em 2019, primeiro ano da sua gestão, Bolsonaro determinou o Ministério da Defesa organizar comemorações em unidades militares em referência a 31 de março de 1964. Na ocasião, já gerou desconforto entre os oficiais.
No ano passado, o recém-empossado ministro da Defesa, Braga Netto, afirmou na Ordem do Dia, documento com orientações aos quartéis, que o golpe faz parte da trajetória histórica do Brasil.
“O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março”, escreveu.
No ano anterior, o ex-ministro Fernando Azevedo disse, em texto semelhante, que “o movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira”.
O Painel questionou o Ministério da Defesa se alguma comemoração estava sendo preparado e qual seria o tom da Ordem do Dia neste ano. A pasta respondeu que ainda não tem essa informação.
Folha de SP