Pastor lobista organizou caravana do tráfico de influência

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O pastor Gilmar Santos, suspeito de praticar lobby no Ministério da Educação, organizou uma “caravana” de religiosos para se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, de acordo com um pastor que participou da reunião. O relato foi feito por Abimael Flor, da igreja Assembleia de Deus Ministério Goiana, de Pernambuco, em vídeo publicado após a reunião no Palácio do Planalto, no dia 18 de outubro de 2019.

— Meus amados e queridos irmãos, estamos aqui com nosso querido pastor Gilmar Santos. Acabamos agora de participarmos da reunião com o presidente Jair Messias Bolsonaro. Estamos aqui na caravana do nosso querido pastor Gilmar. Muito feliz. Recebi esse convite através do nosso querido pastor Jairinho — afirmou Abimael na gravação, feita ao lado de Gilmar.

Na data, a agenda oficial da Presidência registra um encontro entre Bolsonaro e Gilmar, no Palácio do Planalto, mas não cita nenhum outro presente. Como o GLOBO mostrou, o pastor esteve ao menos quatro vezes com Bolsonaro desde o início do governo, antes mesmo de Milton Ribeiro ser nomeado Ministro da Educação.

Em um vídeo, Abimael agradeceu Gilmar pelo acesso a Bolsonaro e disse que saiu feliz do encontro no Planalto.

— Pastor Gilmar, muito obrigado. Deus continue lhe ajudando, lhe abençoando. Estou saindo daqui feliz, alegre com Deus e o senhor nos proporcionar esse momento agradável.

Ao GLOBO, Abimael disse que o pastor Gilmar comandou o encontro com o presidente:

— Sim, o pastor Gilmar, foi ele que falou tudinho.

Abimael disse que não discursou na reunião e que, depois da reunião no Planalto, não teve mais contato com Bolsonaro ou com outros membros do governo. Ele também disse que não acompanhou as denúncias envolvendo Gilmar que foram divulgadas nos últimos dias.

— A reunião foi só para conhecer o presidente mesmo e eu não falei nessa reunião.

Prioridade

Em gravação divulgada na terça-feira pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que prioriza a liberação de verbas a prefeituras cujos pedidos foram negociados por Gilmar e pelo pastor Arilton Moura. Sem cargos públicos, os pastores como assessores informais do Ministério da Educação, intermediando reuniões com gestores municipais, conforme revelou o jornal “O Estado de S. Paulo”.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, decidiu pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para apurar suspeitas de crimes envolvendo o ministro.

O Globo