General demitido por Bolsonaro não quer deixar presidência da Petrobras
Foto: REUTERS/Adriano Machado
Em declaração exclusiva à CNN Brasil, o general Joaquim Silva e Luna afirmou que não vai deixar a Petrobras enquanto a solução definitiva para o comando da companhia não for acertada. A desistência de Rodolfo Landim para assumir o conselho da Petrobras, e as dúvidas sobre os limites da Lei das Estatais sobre a indicação de Adriano Pires para a presidência da estatal, levantaram ainda mais incertezas sobre a governança da estatal.
“Na vida temos que fazer escolhas. Entendo que, nesse momento, o bem a ser tutelado é a Empresa. Deixo o amor-próprio de lado e entrego no tempo que for melhor para a imagem, reputação e continuidade dos trabalhos da Petrobras”, Silva e Luna disse à coluna.
Em nota, a Petrobras disse nesta segunda-feira que tomou ciência da desistência de Landim, mas “até o momento não recebeu notificação do Ministério das Minas e Energia acerca da substituição do indicado”.
Joaquim Silva e Luna foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro na semana passada quando o governo apresentou a lista de novos conselheiros da Petrobras para aprovação na Assembleia Geral de Acionistas marcada para o dia 13 de abril. O general foi excluído do documento entregue ao Ministério de Minas e Energia, sem aviso prévio, apesar de já sentir a fritura que sofria desde o último reajuste dos preços dos combustíveis em 11 de março.
A coluna também ouviu ex-gestores e ex-conselheiros da Petrobras sobre os impactos dos ruídos sobre a condução da petrolífera. Eles veem risco da nomeação de Adriano Pires empacar nas exigências da Lei das Estatais e que a sequência de erros recentes machuca a empresa. A lei aprovada no governo Temer limita nomeação de executivos que tenham relação ou parentesco com proprietários de empresas que indiquem conflito de interesses, ou que atuem no mesmo setor.
É o caso do Centro Brasileiro de Infraestrutura, fundado por Adriano Pires e que seria administrado por seu filho, Pedro Rodrigo Pires. O Ministério de Minas e Energia disse à CNN que a indicação do economista segue os trâmites legais e administrativos e que é preciso aguardar todas as análises. Se houver algum empecilho, diz a nota, querem antes se certificar de ele pode ser superado.
Os executivos que estiveram na Petrobras no passado se preocupam com a força da governança da empresa na ausência de um líder oficial com credibilidade reconhecida.
O senso comum é que a companhia é forte, mas tem limite. Se a solução acabar sendo um cargo tampão, na interinidade, a Petrobras pode ir bem até o final do ano.
Em entrevista à analista Raquel Landim, na semana passada, Silva e Luna havia afirmado que ficaria no cargo até fazer uma transição tranquila depois que Adriano Pires fosse confirmado como novo presidente.
Agora, com a saída de Rodolfo Landim e as dúvidas sobre as imposições legais, o general reafirma que não vai deixar a Petrobras sem comando. Seu mandato de dois anos seria interrompido antes mesmo do primeiro ano. Com a indefinição sobre a troca na presidência, pode manter o general no cargo por mais tempo do que ele mesmo esperava.